Foto: José Cruz/Agência Brasil

Senador pelo PT, Jaques Wagner disse que o estilo de Ciro Gomes (PDT) “não ajuda” na recomposição das relações entre os dois partidos no cenário no qual ambas as legendas ainda tentam organizar um bloco de oposição ao presidente Jair Bolsonaro (PSL).

O petista também afirmou que o ex-governador do Ceará, terceiro colocado na disputa, atrás de Fernando Haddad (PT), ainda tem “ciúme da eleição” e raivas que nasceram no processo de disputa.

“Eu tenho uma relação com Ciro e Cid muito boa. O Ciro tem o estilo dele, e eu sou obrigado a dizer que o estilo dele às vezes não ajuda”, respondeu o parlamentar do PT.

No ano passado, Wagner chegou a defender uma chapa encabeçada por Ciro e Haddad para a corrida eleitoral, mas foi vencido no PT pela tese da candidatura própria.

Segundo o carioca que fez carreira política na Bahia, algumas falas de Ciro, “no momento de dor, como foi a prisão do Lula” e agora “esse momento pelo qual a gente está passando”, caíram mal na legenda.

Ciro é vaiado em evento da UNE e repete frase de Cid: “Lula está preso, babaca”

“Alguns adjetivos que ele usa, na minha opinião, não ajudam em nada”, completou o petista, que conversou com O POVO durante encontro promovido pela Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), na última sexta-feira, em Fortaleza.

Apesar das declarações, Wagner disse que tem “uma relação com Ciro e Cid muito boa” e que o ex-candidato à Presidência “é um tremendo quadro político, um homem integro e sério que pensa o Brasil”.

E acrescentou: “Mas é o que eu digo: o ciúme da eleição (de 2018), essas raivas…” O senador ressalvou, contudo, que vai “continuar procurando conversar com ele”, ainda que seja “impossível antever 2022”.

Sobre as chances de um entendimento entre PT e PDT para a próxima sucessão presidencial, o petista alegou que o “calor da última eleição, quando muitas estocadas foram dadas de parte a parte, produziu algumas fissuras na relação do campo progressista” e que ainda “está cedo para falar da disputa”.

“Existe muita água pra passar debaixo dessa ponte. Tem eleição municipal, por exemplo”, respondeu.

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Henrique Araújo

Jornalista do Núcleo de Política do O POVO

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