Deltan Dallagnol era um dos principais defensores das medidas (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Caso tivessem sido acatadas pelo Congresso, as “dez medidas contra a corrupção” sugeridas pelo Ministério Público Federal (MPF) em 2015 beneficiariam denúncia do The Intercept que divulgou mensagens envolvendo Sergio Moro e a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.

Na sétima medida do pacote, há uma proposta que exclui ilicitude de prova “obtida de boa-fé por quem dê notícia-crime de fato que teve conhecimento no exercício de profissão, atividade, mandato, função, cargo ou emprego público ou privados”.

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Curiosamente, um dos principais defensores das medidas era o próprio procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa paranaense. Hoje crítico do “vazamento ilegal” de mensagens, Dallagnol viajou por todo o País em 2015 defendendo aprovação do pacote.

Pela proposta do MPF, as mensagens divulgadas pelo jornalista Glenn Greenwald, autor do The Intercept, estariam livres de qualquer ilicitude. O pacote, no entanto, acabou sofrendo resistência do Congresso e foi “substituído” pelo pacote anticorrupção de Moro.

“Esse pacote se tornou um projeto de iniciativa popular, acompanhado de mais de 2 milhões de assinaturas, e foi para o Congresso. Lá, na calada da noite, a Câmara dos Deputados destroçou essas medidas e no lugar aprovou uma proposta a favor da corrupção. Mas essa história não acaba aqui”, disse Dallagnol em 2018, defendendo nova articulação pela medidas.

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Carlos Mazza

Repórter do núcleo de Conjuntura do O POVO. Jornalismo de dados, reportagens investigativas, bastidores da política cearense. carlosmazza@opovo.com.br / Twitter: @ccmazza

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