Praça Portugal, bairro Aldeota, em Fortaleza (Foto: Alex Gomes)

Principal ponto de concentração das manifestações pró-impeachment de Dilma Rousseff (PT) em 2015 e 2016, a Praça Portugal, no bairro Aldeota, está no centro de uma disputa entre grupos que apoiaram o afastamento da petista.

Ontem, véspera do ato de apoio ao ministro Sergio Moro e a Jair Bolsonaro, entidades de direita decidiram rejeitar uma aliança com o Movimento Brasil Livre (MBL) para uma pauta comum.

Entre elas estão o Conexão Patriota, Endireita Fortaleza, Consciência Patriótica, Movimento Brasil Conservador, Movimento Ordem e Progresso, Instituto Democracia e Ética e Brasil Indignado.

Esses grupos relatam ter apresentado pedido para uso da praça na Prefeitura de Fortaleza no dia 12 deste mês, mas a autorização foi concedida ao MBL no dia 25/5.

Segundo organizadores do Endireita Fortaleza, o ofício assinado por eles foi encaminhado antes. O documento, porém, não foi acolhido.

Carmelo Neto, coordenador do MBL no Ceará, afirma que a entidade solicitou permissão para fazer o ato na Praça Portugal no início do mês.

Neto diz que, mesmo com a autorização concedida, fez contato com as demais entidades do campo conservador em Fortaleza para que participassem da manifestação. “Liguei para eles e insisti no Whatsapp para unir todos os movimentos”, afirma.

“Me acusam de dono da manifestação”, continua Neto, “mas quem se comporta como dono são eles. Eu não quero dividir ninguém! Quero unir, sou da paz”.

Diante do impasse sobre o uso da praça, a solução encontrada pelos grupos foi fazer duas manifestações diferentes no mesmo espaço neste domingo, a partir das 16 horas.

Uma encabeçada por esses movimentos, que integram a Frente Cearense pelo Novo Brasil e dos quais o Endireita Fortaleza é sua maior representação, e outra pelo MBL, com dois trios elétricos separados– um para cada protesto.

Há risco de tensão, no entanto. Neste domingo, a frente divulgou convite com a agenda do ato que organiza. Nela estão a defesa da Lava Jato, o pacote anticrime de Moro e a reforma da Previdência, pauta definida antes dessa cisão.

Hoje, porém, os manifestantes incluíram um novo tópico – o “fora MBL”.  Nos bastidores, membros dos grupos admitem desconforto com o MBL, a quem acusam de tê-los traído.

“Houve um rompimento desde o dia 26”, disse um deles, referindo-se ao último evento pró-Bolsonaro no País, realizado em 26. de maio deste ano. “O maior ato de traição que fizeram com a gente foi nesse dia, porque não compareceram às manifestações e ainda inventaram fake news dizendo que uma das pautas era o fechamento do Congresso.”

Naquele dia, MBL e Vem pra rua não tomaram parte nos eventos de apoio à agenda do governo.

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Henrique Araújo

Jornalista do Núcleo de Política do O POVO

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