Mulher indígena olha para a câmera. Ela usa um cocá com as cores verde, amarelo e vermelho. Possui metade do rosto com pintas pretas, enquanto a outra está com tinta vermelha. Usa um colar de madeira.

Hoje, 9 de agosto, é Dia Internacional dos Povos Indígenas

305 etnias remanescentes dos povos originários do Brasil resistem ainda hoje (Censo IBGE, 2010). No Dia Internacional dos Povos Indígenas, leia o que representantes de dois povos do Nordeste têm a dizer aos ‘não-índios´ e seu apelo para que a natureza sobreviva.

Os grupos Dzubucuá, do Povo Kariri-Xocó, e o Memória Fulni-ô vieram ao Ceará em julho para o circuito Sesc Sonora Brasil.

X’ Maya Kaká – Povo Funil-Ô (PE)

“O não-índios não sabem de nada sobre nós nativos porque não têm muita informação, e não nos aceitam por  achar que somos um povo atrasado. Hoje estamos mostrando que podemos viver junto sem diferença, com um só objetivo: proteger a natureza juntos, por isso é muito importante nós nos mostrarmos pra nos conheçam melhor.

Nós, Fulni-ô, ensinamos que a natureza é tudo pra nós, sem ela não somos nada. E mostramos pra nossos filhos que tudo tem direito à vida: animais, árvores. O que os Fulni-ô têm de mais precioso é nossa cultura, nosso rituais, nossa história, nossa língua. O yaathê (língua da etnia) não está extinto, está vivo, nós estamos cada vez mais mostrando para nossos jovens que é muito importante falar a nossa língua.

Os cânticos Fulni-ô falam de respeito, agradecimento e força, mas também educam nossos filhos, então nós não dançamos por dançar, é um grande ensinamento. Nos respeitem e aceitem o nosso modo de viver, somos todos brasileiros.”

Yachy Korã – Povo Kariri-Xocó (AL)

Homem índio sem camisa. Na cabeça usa um cocá com penas amarelas. No tronco, diversos desenhos tradicionais de sua tribo, na cor preta.

“Meu nome, Yachy Korã, significa Grande Esperança, venho do povo Kariri-Xocó, filhos do grande Rio Opara. Não sei se os não-índios não entendem ou fazem questão de não respeitar as tradições espirituais e crenças. Nossa sabedoria ensina, primeiro de tudo, o respeito à natureza e a todos os seres existente nela, ensinando a humildade.

A cultura é o motivo da existência do meu povo, dentro dela está nosso Grande Espírito e todas suas criações sagradas. O Toré é um dos sons mais sagrados, reflete nos cânticos toda a criação, trazendo as emoções e expressões do coração e da alma. Deixa como mensagem o respeito e a humildade e que, ao dançar em círculo, mostra que não existe primeiro nem último, melhor ou pior aos olhos do nosso Grande Espírito, sempre reverenciando com a força  do som da voz o que nos traz graças em forma de gratidão.”