seis crianças embaixo de um cajueiro

O Espaço Juventudes em Rede vai reunir crianças e adolescentes para atividades como oficinas, exposições, jogos educativos e rodas de conversa (Foto: Divulgação/Sesc)

Voltado para crianças e adolescentes, novo eixo do Encontro Sesc Povos do Mar amplia o engajamento desses grupos etários na programação. Uma das atividades reúne seis pequenos que participam do Encontro desde as primeiras edições

Durante anos, o cajueiro testemunhou o movimento daquelas crianças, em uma congregação tão natural quanto seus frutos. À sombra da grande árvore, que ocupa um espaço central no Serviço Social do Comércio (Sesc) Iparana – Hotel Ecológico, filhos e filhas de pescadores, quilombolas, sertanejos, ciganos e outros povos demarcavam seu território afetivo e social, a cada edição do Encontro Sesc Povos do Mar. Vinham acompanhados dos pais, mães, avós, e enquanto os adultos ocupavam-se de suas participações na programação, eles inventavam uma própria, pautada pelo brincar, pelos encontros com seus semelhantes.

Dessa movimentação nasceu, de maneira muito orgânica, um espaço de sociabilidade único, construído por e para a infância, onde meninos e meninas de diferentes comunidades podiam, assim como toda a gente grande ali reunida, realizar seus intercâmbios culturais. Nada mais natural, portanto, que nesta IX edição do Povos do Mar, as “crianças do cajueiro” passem a constituir um eixo específico da programação, com atividades protagonizadas por e direcionadas a elas.

Assim, pela primeira vez o Espaço Juventudes em Rede deve reunir crianças e adolescentes em torno de diferentes temáticas, no sentido de ampliar e enriquecer a participação desses grupos etários no Encontro. Para isso foi idealizado um conjunto diverso de atividades, entre oficinas, exposições, jogos educativos e rodas de conversa. A proposta é não apenas expandir a voz desses jovens entre suas comunidades, mas incentivar a integração com adultos e idosos, fortalecendo os laços nas comunidades e, em última instância, a afirmação e resistência das mesmas.

Entre as atividades está justamente a Roda de Saberes “As crianças do cajueiro”, com participação de alguns daqueles pequenos originais”, que cresceram como participantes do Povos do Mar. Agora “palestrantes”, Raley Sá Barreto (Fortaleza), Iuri Araújo (Paracuru), Marina Oliveira (Fortaleza), Yan Rocha (Cascavel), Ali Amin (Fortaleza) e Juan Guerra (Caucaia) devem falar sobre suas vivências ao longo da história do evento e sobre temas como arte, memória, identidade e meio ambiente, no âmbito de suas respectivas comunidades.

Meio ambiente, por exemplo, é o tema da fala do pequeno Haley. Neto de Rusty de Sá Barreto e Sineide Crisóstomo – criadores do Ecomuseu Natural do Mangue da Sabiaguaba. Sozinho, a partir de suas experiências com o ativismo da família, ele criou a palestra “A Pele do Planeta”, que já ministrou tanto no Ecomuseu quanto em algumas escolas da região.

Na Roda de Saberes, Haley deverá compartilhar parte desse conteúdo. “O planeta é como nosso corpo. Os cabelos, por exemplo, são as árvores. Quando vamos para a praia, usamos o protetor solar, né? Porque isso vai nos proteger. E o que protege a natureza é a camada de ozônio. Se a camada de ozônio não existir mais, o nosso planeta sofre e a gente adoece”, explica com a sabedoria de criança.