O produtor do Ponto.Ce conta tudo sobre a 7º edição do festival

Pra quem sempre foi fã desse festival, conversar com um dos maiores responsáveis pela realização do mesmo foi um grande presente. Apesar da correria para os preparativos do evento, Rafael Bandeira se dispôs a conversar sobre as dificuldades, as novidades e como é organizar um festival de peso como o  Ponto.Ce.

Veja como foi…

 RM: Ano passado não houve edição do Festival Ponto.Ce. Quais foram os maiores motivos que impediram a não realização do evento?

Rafael Bandeira: Desde de 2011 já estávamos pensando em optar por entrada gratuita para o festival, então a dificuldade maior era conseguir patrocinadores no tempo para a próxima edição, e a verba não saiu. A edição de 2012 acabou sendo adiada para o inicio de 2013 justamente por conta dessa dificuldade.

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RM: Você que conhece bem o cenário do rock cearense desde os bons tempos do Hey Ho Bar na qual era responsável. Gostaríamos que falasse como você ver o rock hoje na cidade?

Rafael Bandeira: São épocas diferentes, hoje tudo é muito maior do que naquela época. Hoje temos muitas bandas bacanas com expansão nacional. Só acho que hoje estar faltando um empenho maior das bandas para com a sua própria divulgação. Não basta somente gravar um música, fazer um vídeo e soltar no youtube. Tem várias bandas locais que acompanho há bastante tempo e admiro o trabalho como Facada, Plastique Noir, novas como VATZ que até irá se apresentar no Ponto.Ce.

RM: Ao longo desses seis anos de festival, como bem citado no site oficial, já passaram mais de 600 músicos entre artistas cearenses e de outros estados e países. Mesmo com tanta gente boa que já se apresentou, faltou alguma banda que você queria que tivesse vindo e não deu certo?

Rafael Bandeira: Na verdade, não! O que ocorreu certa vez foi com o Cidadão Instigado em 2009 por questão de negociações, turnê e gravação de disco atrapalhou a participação deles no Ponto.Ce.  Outro também foi com o banda Móveis Coloniais de Acaju pra 2010 não deu certo, mas veio em 2011.

RM: Como é feito a seleção das bandas locais para o Ponto.Ce ?

Rafael Bandeira: Eles mandam material para ser avaliado, mas confesso que muitas vezes o “ao vivo” é 10 vezes melhor, sabe? Os caras rendem bem mais… É legal porque você vai conhecendo realmente como é a banda. Com fim do Hey Ho Bar, eu particularmente me distanciei um pouco dessa galera que semanalmente estava ali. O Ponto.Ce é a chance que eu tenho de ouvir o material deles , de ver o que tem na internet sobre a banda, o show. Então hoje procuro ir aos festivais para acompanhar melhor o que está rolando como Feira da Música, Forcaos, Ceará Music… porque é super salutar, além de me divertir, ver os amigos, estou acompanhando as bandas também. 

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Praça Verde – Dragão do Mar

RM: A ousadia dessa edição de 2013 de ser entrada gratuita (mediante a entrega de 1kg de alimento não perecível) será perdurável nas próximas?

Rafael Bandeira: Essa é a tendência, mas depende muito da capitação de recurso porque a bilheteria te ajuda muito a pagar os teus custos, e quando você abre as portas, deixa de ter essa receita, então é preciso que tenha outras receitas cubram esse espaço deixado pela bilheteria. Mas se a gente conseguir uma capitação de recurso bacana que pague os custos, que nos dê condições de colocar uma estrutura legal pra todo mundo (público, artistas e os patrocinadores) a gente vai sim, manter gratuita, é o nosso interesse. Nós não queremos voltar a cobrar ingresso não.

RM: Em sua entrevista no orbitaradio, você mencionou mais uma edição do festival ainda esse ano, muito provavelmente em novembro. Já tem possíveis atrações que podem ser citadas?

Rafael Bandeira: Na verdade, essa edição de março é a de 2012 que foi adiada. Então  a de 2013 deve ocorrer normalmente no fim de novembro desde ano. Com relação as atrações, não tem nada certo, até porque não temos 100% de certeza que irá acontecer. Porque se acontecer os mesmos problemas de 2011 (a falta de capitação de recursos), infelizmente teremos que adiar de novo. Mas já entramos em contato com as empresas para a 8º edição do Ponto.Ce, então se a gente conseguir evoluir nessas negociações com a iniciativa privada, com o poder público, a tendência é que seja em novembro e quando a gente tiver essa certeza por parte deles, ai sim, iremos entrar em contato com as bandas. Até porque não adianta a gente negociar com os artistas sem ter recurso em caixa.

RM: Qual o maior diferencial dessa edição de 2013 que as pessoas irão prestigiar nesses dias de festival?

Rafael Bandeira: Eu destaco dois pontos: Primeiro é a gratuidade que conversamos agora, por ser o primeiro ano que a gente consegue aplicar essa questão da troca de alimentos por ingresso. E outro ponto importante, é do equilíbrio entre as linguagens, era um interesse nosso durante muito tempo. Equilibrar a música da arte e audiovisual. Antes era muita música, e um filminho ali, uma dancinha aculá. As outras duas linguagens eram muito escondidas atrás da música. E dessa vez, nós conseguimos equilibrar bem em termos de investimento, atração, ter um espaço para cada linguagem. A dança no teatro Sesc Iracema, O audiovisual no auditório do Dragão do Mar, a música na Praça Verde, a gente conseguiu colocar todo mundo no mesmo patamar. Não é um festival de música que tem um pouquinho de dança, antes era assim. Não que a gente quisesse, na teoria a gente trabalhava pra que não fosse assim, mas na prática infelizmente era. Isso é um ponto que eu destaco muito!

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RM: O que o Rafael Bandeira respira?

  Eu antes falaria música, mas de uns tempos pra cá, acho que a cultura de uma maneira geral, acompanhando essa questão da dança, o teatro, audiovisual, eu respiro arte independente da forma de expressão dessa arte.