Johnny Marr dispensa apresentações. Johnny Marr continua o mesmo e isso é ótimo. Johnny Marr deve, mais uma vez, encabeçar as listas de Melhores do Ano. Esses fatores já serviriam pra resumir bem o que está acontecendo na nova e recente carreira solo de um dos responsáveis por mudar a história da música na década de 80 ao lado de Morrissey nos Smiths. “Playland” é segundo e recém lançado disco solo do britânico e vem na mesma linha de excelência da estreia “The Messenger“, um dos grandes lançamentos de 2013.
O novo disco, co-produzido por Johnny Marr e composto em sua maioria na estrada durante a turnê do primeiro trabalho solo, vem mais uma vez mesclando o que o mundo batizou de “Rock Britânico” com a guitarra simples, forte e criativa, marca completamente abundante em tudo que Johnny tocou até hoje em todos os projetos que se envolveu.
Algumas semelhanças com Smiths e a carreira solo de Morrissey continuam inevitáveis. “Candidate“, por exemplo, poderia estar facilmente em qualquer disco de “Moz” e não é difícil de imaginar a voz do eterno front man dos Smiths na canção. (Talvez isso seja só o velho defeito de boa parte dos fãs, ou até mesmo o eterno e utópico sonho de que os dois fizessem algo juntos novamente). O mesmo acontece com a ótima “The Trap”, um prato cheio para se lembrar de tudo aquilo que fez da  dupla “Morrissey x Marr” uma das mais significantes de todos os tempos.
As comparações param por aí, o disco abre com a pesada “Back in the box”, linha seguida pelas rápidas “Boys get Straight” e a faixa título “Playland“. Já “This Tension“, um dos pontos altos do disco, traz tudo aquilo que o próprio Johnny Marr ajudou a influenciar 30 anos atrás. Uma levada pós punk bem característica dos melhores momentos de bandas na linha do The Cure e semelhantes.
O grande destaque, com certeza, fica para a radiofônica “Easy Money“. Com riff diretamente da “Escola Johnny Marr de Qualidade“, clipe, letra e refrão dignos de justificar o porquê desse britânico ter influenciado praticamente todos os guitarristas de sua época e ter colaborado fortemente nos modos de fazer e consumir música nos anos 80. Simples, forte e pegajosa (no melhor sentido), pra aplicar o repeat. Um clássico.
As comparações com o passado continuarão em tudo que for feito por um “ex- Smith”. Johnny Marr nos últimos dois anos se posiciona novamente no lugar que sempre soube estar: os topos da parada e boas críticas de fãs e especialistas. Dá gosto ser fã de tudo que ele fez e dá orgulho de ter visto de perto no Lollapalooza Brasil 2014 um dos maiores de todos os tempos. Definitivamente, Viva Marr.