Sufjan Stevens

O dedilhado suave e a voz quase sussurrada já mostra nos primeiros segundos o que vem pela frente no disco “Carrie & Lowell”, sétimo disco de estúdio do americano Sufjan Stevens, lançado em março desse ano.
Ao longo de 11 faixas, Sufjan conta a história real de Carrie (sua mãe), falecida em 2012, diagnosticada com câncer, esquizofrenia, depressão e sofrendo de alcoolismo, e do padrasto Lowell, seu fiel companheiro e marido, que recebeu o cantor como um filho e sofreu junto cada momento difícil de Carrell.
A primeira música que já vem com o título de “Death with dignity (Morte com dignidade), um final de letra que afirma que “You’ll never see us again (Você nunca mais nos verá novamente)” já deixa claro que Sufjan abriu totalmente o coração, expôs seus medos e verdades no autobiográfico trabalho que desponta como um grande candidato a obra prima do ano.
Memórias da infância, pedidos de desculpa, palavras de adeus e esperança, fazem parte de toda a poesia do álbum, de alguém que conta como é se despedir da pessoa mais importante da vida, de como temos o desejo tardio de voltar no tempo e fazer coisas ou atos que não aproveitamos quando temos todos os nossos entes vivos e próximos.
A lírica “Fourth of july” deixa explícito na letra que “We’re all gonna die (Todos nós iremos morrer)” e conta momentos finais como as febres e os delírios num diálogo final de um filho com a mãe agonizante no leito de morte.
A bela “Carrie e Lowell” traz retratos de momentos da vida conturbada do casal que estampa também a capa do disco, através de uma belíssima foto desgastada, a cereja do bolo de um trabalho intenso, completamente verdadeiro, livre de medos ou amarras.

 Carrie & Lowell - Capa
Sufjan se debruçou sobre a própria história, desgraças familiares, sofrimentos e momentos nostálgicos, mostrando que no final, apesar de tudo, o que se leva e o que vale guardar de fato são as boas lembranças.

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