A Dônica teve início em 2011 e já chamou atenção por diversos motivos. Uma sonoridade misturando rock progressivo, MPB, uma forte estética nas letras e a pouca idade dos integrantes, José Ibarra (teclado e voz), Lucas Nunes (guitarra), André Almeida (bateria), Miguel Guimarães (baixo) e Tom Veloso (composições e voz), filho de Caetano Veloso, todos na casa dos 20 anos.
O primeiro trabalho da banda, intitulado “Continuidade dos Parques”, ganhou destaque, merecidamente, em várias listas de melhores do ano. A banda tocou no último Rock in Rio e agora se prepara para pisar em mais um palco sagrado, com tão pouco tempo de carreira: a Dônica se apresenta no Lollapalooza Brasil, no dia 12 de março.
Confira o nosso bate papo com José Ibarra, que contou sobre a história da banda, as curiosidades, a participação de Milton Nascimento no disco e os próximos planos.

1 – Como surgiu a banda e de onde veio o nome Dônica?
Dônica é o nome de nossa primeira música, minha e do Tom. Tendo acabado de fazer a melodia e a letra, que se tratava de uma mulher, decidimos dar o nome de uma. Tentamos vários e de repente surgiu, Dônica, simplesmente. Depois de um tempo, com a banda já formada resolvemos batizá-la com o mesmo nome.

2 – O primeiro disco da banda surge com um leque de referências de MPB, sons progressivos nacionais e internacionais, além de um forte cuidado na estética das letras e esse processo é o que tem caracterizado a identidade da banda. É natural se pensar que todas essas referências vêm de bandas/discos mais antigos, mas quais as influências contemporâneas do Dônica?
Hoje em dia curtimos muito alguns artistas pontuais, que não se relacionam entre si necessariamente. Tem o Snarky Puppy que somos aficcionados, D’Angelo, Beyoncé, aqui no Brasil O Terno, Mara Rubia e por aí vai…

3 – Como foi pisar no palco sagrado do Rock in Rio com tão pouco tempo de estrada?
Foi uma mistura de um monte de sensações estranhas e maravilhosas. Realmente é indescritível por ter sido incompreensível rsrs!

4 – Estamos numa era em que não temos mais canais exclusivamente dedicados à música e a dificuldade de bandas novas conseguirem um suporte de uma gravadora está cada vez mais complicado. Quais os pontos favoráveis de ter um contrato com uma gravadora forte no nosso atual modo de consumo de música?
Alcance e infraestrutura. A Sony nos ajuda muito nos processos que talvez demorassem muito mais tempo para serem realizados. Eles já sabem o caminho, nesse sentido é muito bom.

5 – A formação do Dônica inclui um membro, no caso Tom Veloso como compositor, o que foge um pouco dos padrões habituais. Como se deu esse processo?
Como eu disse, a primeira música foi feita por mim (Zé) e pelo Tom, nessa época não existia a banda, só nós compondo de cá e os outros integrantes levando um som descompromissado de lá. A partir de um momento eu entrei para essa jam e formei a banda, junto com o Lucas e Deco, enquanto o Tom permanecia fora. Ao longo do tempo eu e Tom continuamos a compor, eu no grupo e ele de fora, ou seja, ele era um membro compositor, somente. Hoje em dia ele já toca conosco no palco.

6 – Como aconteceu a participação de Milton Nascimento na faixa “Pintor”?
O Tom já tinha um certo contato com o Milton por causa do Caetano e um dia por acaso rolou dele falar sobre a banda e apresentar uma música para o Milton, calhou de ser “Pintor”. Depois de um tempo, com essa coisa toda de padrinho, que é um barato, chamamos ele para (quem sabe) gravá-la. Ele topou de primeira e fizemos.

7 – Como nasceu a ideia do recém lançado clipe de “Bicho Burro”?
A ideia do clipe é inteiramente do Vincent Cassel, o diretor do clipe. Como surgiu eu não posso te dizer, mas como acabou sim, ficou bem legal!

8 – Qual a expectativa de tocar em mais um palco de um grande festival, no caso o Lollapalooza, em março. Existe algo diferente sendo planejado para esse show?
Ah, o Lolla é tudo de bom. Estamos animadíssimos e sim, planejando algo novo.

https://www.youtube.com/watch?v=b_TQcqtE9xI