O Instrumental é um gênero ainda de nicho no Brasil que se destacou no meio independente nacional no início dos anos 2000 por meio de bandas como Hurtmold e Macaco Bong. Nos anos 2010, novos artistas como E a Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante, Bixiga 70 e A Banda de Joseph Tourton são os responsáveis por difundir Instrumental para o Brasil. No Nordeste, bandas como Kalouv (PE) e Astronauta Marinho (CE) são responsáveis por difundir essa cultura.

Batemos um papo com Guilherme Mendonça (bateria) e Daniel Lima (guitarra/sintetizadores) da Astronauta Marinho, banda instrumental do Ceará que acabou de bater a meta do Catarse para a produção do novo disco do grupo. Conversamos sobre crowdfunding, relação com outras bandas do estilo e influências do novo trabalho.

Vocês são uma banda de instrumental, algo não muito comum no Brasil, mas que tem nomes como Kalouv, A Banda de Joseph Tourton e E A Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante criando uma fanbase forte, assim como a própria Astronauta Marinho também, alguma influência ou troca de experiência da banda já rolou com eles?

A gente tem amizade com galeras de todos os tipos de som, o mais importante são as pessoas. A identificação vem mais dos sons que a gente escuta, (ou da correria que é ter uma banda independente). Dessas que você falou, temos trocado muita ideia com a Kalouv, ultimamente. Eles também vão fazer um Catarse pro disco novo deles; Elã. Temos conversado bastante.

O crowdfunding tem se tornado algo muito comum no meio independente, isso causa uma aproximação muito maior do artista com o público, isso aumenta o nível de exigência dos fãs com novo trabalho? Como vocês lidam com a pressão do tempo da campanha chegando perto do fim?

Eu acho que se uma banda está existindo, o nível de exigência tá rolando. Não nos sentimos mais pressionados, porque o projeto já prevê uma produção de um nível técnico muito interessante, então, seria uma consequência lógica um trabalho mais legal nesse sentido. Mesmo com muito trabalho e planejamento, o coração bate forte no final. Porque tem uma parcela dos apoios que são de pessoas que a gente não faz ideia de quem são, mas estão conectadas ou pretendem se conectar conosco dessa forma. É bem louco.

Pela primeira vez a banda está trabalhando com um produtor e o escolhido foi Régis Damasceno (Cidadão Instigado). Como está sendo a relação da banda com o produtor e por quê a escolha pelo Régis?

Trabalhamos com o Regis em 2014, durante o processo de criação do show do “Menino Sereia”. Foi uma experiência muito positiva possibilitada pelo Porto Iracema das Artes (Escola de Artes daqui de Fortaleza, vinculada ao Instituto Dragão do Mar). Quando estávamos nos preparando para ir ao estúdio, pensando em quem poderia nós auxiliar nisso; a escolha do Regis foi natural. Temos uma profunda admiração pelo trabalho e pela pessoa que ele é. Conhecia nosso som, direcionou e nos orientou… foram muito bons os dias com ele no estúdio. Muito aprendizado, que continua, agora que ele tá acompanhando a mix.

Na playlist que vocês soltaram no Spotify, são citadas como influências do novo disco, artistas como Radiohead, Sigur Rós, Air, Portishead e Ava Rocha, que são músicos que costumam trabalhar o ambientalismo e experimentalismo em suas músicas. Então podemos esperar algo mais experimental no novo álbum?

A playlist procurou mostrar um pouco do que a gente tem ouvido nesse período e muitas das músicas escolhidas foram objeto de discussão no nosso processo. Acredito que pode-se esperar sim, algo mais experimental. Mesmo que dizer isso pra um disco nosso possa soar redundante… Mesmo que não sejamos dos mais experimentais; tem muitos momentos que nos dispusemos a fazer algo que não tínhamos feito antes.

O selo que vai lançar o disco é o Banana Records, que vem apresentando artistas independentes de todo o Brasil, como é a relação da banda com o selo?

Nossa relação com a Banana Records antecede uma questão de gênero musical, mesmo que haja afinidade nisso também. Já faz um tempo que acompanhamos e curtimos o trabalho deles aqui na cidade, além de ter uma relação de amizade com a Nanda Loureiro, então o lançamento por eles ocorreu como algo natural, uma soma de forças, vontade de trabalhar junto e fazer mais.

Vocês fizeram um show no Festival Maloca Dragão no dia 30 de abril, como foi a experiência?

O show no Maloca Dragão foi muito interessante. Tocamos entre o Baiana System e a homenagem ao grande Belchior, e mesmo assim tinha uma galera. Aproveitamos pra experimentar alguns trechos de coisas novas e fazer um show passeando por todos os discos.

Ouça “Da Peur”, o novo single da Astronauta Marinho:

Spotify: http://spoti.fi/2phzyUc
Itunes: https://itun.es/br/J9KGjb
Google Play: http://bit.ly/2pOYqDP
Deezer: http://bit.ly/2pONp7r
Bandcamp: http://bit.ly/2pOP1w4