97885349303211Maria é um castelo forte. Nela, encontramos fonte de consolo e de abrigo. Ela é o mais claro exemplo daquilo que é finito mergulhando no infinito. Maria, em Deus, torna-se também infinita, a fim de abrigar e proteger a todos os que nela buscam refúgio; uma imagem fenomenal que deveríamos guardar com carinho em nossas mentes e corações: o finito que é preenchido pelo infinito é, agora, capaz de servir de  refúgio a nós em todos os nossos medos.

Luiz Alexandre Solano Rossi

[Viver com Maria. São Paulo: Paulus, 2009, p. 9. – (Coleção Temas marianos)]

 

Um projeto de vida inspirado em Maria. Essas seriam as palavras que usaríamos para sintetizar o livro “Viver com Maria”, de autoria do teólogo Luiz Alexandre Solano Rossi. Tão simples quanto a figura que lhe serviu de inspiração, este pequeno porém imensamente valioso livro conduz o leitor de forma gradativa e suave pelos caminhos da espiritualidade mariana, levando-o a refletir, antes de tudo, sobre si mesmo. A propósito, afirma o autor:

“Perdemos tempo precioso ao tentar mudar o mundo, enquanto nosso mundo interior permanece intacto. Não observamos que o princípio de Maria é o mais sólido possível: mude você primeiramente e verá que, ao perceber a revolução em sua vida, as pessoas também vão querer experimentar essa mesma transformação” (p. 30). 

 

A espiritualidade proposta por Maria não é uma espiritualidade de natureza solipsista, voltada para si mesmo e alheia ao outro. Muito pelo contrário. Maria é o protótipo da pessoa que sai de si mesma em busca do encontro com o outro. É na possibilidade do encontro que se ancora a radicalidade de toda experiência espiritual. O evento paradigmático dessa espiritualidade dialógica encontra-se no episódio da visita de Maria à sua prima Isabel.

 

Hoje se fala muito em qualidade de vida. Mas muitos esquecem que qualidade de vida passa também por uma espiritualidade madura. E a maturidade espiritual é uma das características da autêntica espiritualidade mariana. No último capítulo, intitulado “Espiritualidade e qualidade de vida”, indaga o autor: “Quando sabemos que uma pessoa é espiritual de acordo com Maria?” A resposta é simples, afirma o autor, pois “Basta olhar o cotidiano dessa pessoa e verificar seu ´ser-sentir-agir´:

         ela respeita mais quando poderia ser preconceituosa?

         ela ama mais quando poderia vivenciar o desamor?

         ela procura a comunidade quando poderia viver isolada?

         ela perdoa quando poderia odiar e ignorar?

         ela vive para os outros quando poderia viver para si mesma?

         ela é solidária quando poderia ser indiferente?”

 

E conclui: “ Pensar, sentir e agir como Maria estabelece o que poderíamos chamar de espiritualidade doméstica. Um modo de viver que age desde o cotidiano de nossas casas e atinge a cotidianidade das ruas. Aquilo que ela vive no interior de sua casa resplandecia pelos caminhos exteriores. Ser espiritual, nos diz Maria, não é negar o que somos. Mas sim potencializar o amor de Deus em nós, para que Deus seja tudo em todos” (p.123). 

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Vasco Arruda

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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