cd_viola_urbanaA pesquisa Viola Urbana: a influência da viola caipira na Música Popular Brasileira vem mostrar que essa guerreira, essa sobrevivente acima de tudo, não se conformou com a situação de abandono. Ao contrário, continuou seu caminho, participando e influenciando carreiras de muitos artistas importantes da nossa música popular, e chega ao século XXI com toda a força, sendo cada dia mais tocada e admirada, conservando tradições, mas, ao mesmo tempo, conquistando novos espaços, indicando um futuro cada vez mais promissor: um paradoxo para esse que um dia já foi considerado um instrumento sem muitos recursos…

João Araújo

[Texto de abertura do encarte do CD Viola Urbana]

 O CD Viola Urbana é fruto de um projeto capitaneado pelo músico João Araújo, natural de Contagem, Minas Gerais que, além de cantor e compositor, é também produtor musical e cronista.

João Araújo teve a idéia de organizar a gravação do CD Viola Urbana em 2004, em comemoração aos seus 25 anos de aprendizado musical. Para tanto, foi realizada uma laboriosa pesquisa tendo por objeto a importante influência da viola na música brasileira. O resultado não poderia ter sido melhor.

Ao longo das quatorze faixas do disco, o ouvinte tem a oportunidade de fazer uma incursão pelos diversos segmentos da música em que a viola se faz presente. No repertório escolhido estão incluídas composições de Almir Sater, Renato Teixeira, Rolando Boldrin, Villa Lobos, Zé ramalho, além de algumas de origem folclórica consagradas pelo cancioneiro popular.

Cada faixa traz um texto explicativo, sempre tendo como referência a viola, o que faz  com que o CD se converta, também, num valioso documento para quem queira conhecer com maior profundidade a trajetória histórica desse instrumento na música brasileira.

No texto que acompanha a primeira faixa, intitulado Viola Simples, pode-se ler:

“O jeito simples de sentir, falar, cantar e viver das pessoas do interior sempre encantou os moradores da cidade grande. Seja por já ter vivido no interior, ou por ter parentes próximos que ainda lá moram, ou apenas por sentimentos que muitas vezes não entendemos, e que a Antropologia explica como herança genética. Assim, também, se explica o som da viola ser chamado de ‘mágico’: sendo o primeiro instrumento musical harmônico a entrar no Brasil, encantando primeiramente os índios e depois todas as gerações que se seguiram até os dias atuais, é bem comum que todos nós, brasileiros, sintamos algo forte no peito ao ouvi-la…”

As palavras finais do trecho acima são absolutamente verdadeiras. É impossível não sentir “algo forte no peito” logo aos  primeiros acordes da faixa inicial “Êta nóis”, pela qual tenho particular predileção por falar de algo em que acredito muito, explicitado no título deste blog. Diz a canção:

“Nós se cruzemo na espiral da vida

Mais de uma vez eu tenho consciência

De que na vida não tem coincidência, ai, ai…”   

A quem quiser conhecer melhor o Viola Urbana, sugerimos acessar o site: http://www.joaoaraujo.mus.br/

About the Author

Vasco Arruda

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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