099074Maria oferece a você um modo próprio de responder à vontade de Deus: ensina-lhe a ser servo/serva do Senhor, isto é, a viver o dom total de si a serviço do plano de Deus. Esse plano está acima de seus projetos pessoais, é mais forte do que os seus fracassos e supera infinitamente suas limitações. O problema contudo é que você pode estragar ou empobrecer os projetos do Pai com suas mesquinharias. A Mãe de Jesus oferece-lhe um exemplo de mediação e intercessão. Ela demonstrou, especialmente em caná, o que significa ser intermediário. Foi ponte entre seu Filho e os noivos: Eles não têm vinho! Hoje continua exercendo o mesmo papel sempre que há alguma privação, pobreza ou sofrimento. Por isso, apresenta a Jesus os problemas da humanidade carente e sofrida: Teus irmãos não têm pão… não têm casa… não têm fé… vivem se guerreando… não têm paz!… Aos homens e mulheres, repete: Fazei o que ele vos disser! Esta, por sinal, foi a última frase de Maria conservada na Bíblia; e precisava ser conservada alguma outra depois dela?

Dom Murilo S. R. Krieger, scj

[Krieger, Dom Murilo S. R., scj. Com Maira, a Mãe de Jesus. 2ª. ed. São Paulo: Paulinas, 2002, p. 301. – (Coleção Arte e mensagem)

No afã de formar uma boa biblioteca mariana, tenho encontrado livros e textos de grande beleza sobre a Virgem Maria. Parece, aliás, que o simples fato de alguém se dispor a escrever sobre Nossa Senhora já é em si garantia de que produzirá um texto inspirado. Entre os muitos livros que se têm vindo somar à minha biblioteca mariana há um pelo qual tenho especial apreço, seja pela beleza e riqueza das ilustrações, seja pela beleza do texto. Trata-se do livro Com Maria, a Mãe de Jesus, publicado pelas Edições Paulinas.

O autor do livro, Dom Murilo S. R. Krieger, scj, nascido em 1943 em Brusque, SC, é arcebispo de Maringá, tendo publicado vários outros livros. Nesse que aqui comentamos, o autor trata de vários temas marianos, incluindo aspectos históricos, bíblicos e litúrgicos, sem esquecer aquele que é um dos aspectos basilares da mariologia: as aparições.

O livro de dom Murilo é escrito de forma leve, entremeado por pequenas citações de escritos de outros autores. Achei especialmente singular a citação que o autor faz de um texto atribuído ao filósofo francês Jean-Paul Sartre. Senti-me fortemente tentado a citá-lo aqui, mas, devido à singularidade do texto, tendo em vista o conteúdo e o autor que o escreveu, me contive, pois o mesmo merece uma postagem exclusiva, o que deverei fazer num futuro breve neste blog. Outra beleza do livro está na vasta iconografia apresentada, toda ela de grande e rara beleza, com destaque para algumas curiosidades, como as representações de Nossa Senhora do Japão e Nossa Senhora da África, em que a Virgem Maria é representada com as características raciais dos respectivos povos.

É um livro cuja leitura, seguramente, proporcionará grande deleite a qualquer leitor que sobre ele se debruçar, seja ou não devoto da Virgem Maria. Para concluir, quero citar um trecho, de grande beleza, em que o autor comenta as peregrinações feitas a Lourdes, na França, aonde a maioria dos peregrinos vão em busca de cura para os seus males tanto físicos quanto espirituais. Escreve Dom Murilo:    

 
 
 
 

 

 

Senhor, aquele que tu amas está enfermo. Poderiam ser lembrados também outros doentes, que haviam se dirigido a Lourdes em busca de uma cura para o coração, de uma graça para sua família e de paz para o mundo. Também esses voltariam renovados para sua casa.

Ali, naquele santuário, não eram mais Marta e Maria de Betânia que renovavam o recado ao Mestre da Galiléia. Era outra Maria que o fazia – aquela que, desde os primeiros anos de vida, Jesus aprendera a chamar de Mãe (p. 225/227).

Nossa Senhora da África

Nossa Senhora da África

Senhor, aquele que tu amas está enfermo (Jo 11,3). Foi esse o recado que Marta e Maria mandaram a Jesus, quando o irmão Lázaro ficou doente em Betânia. No Santuário de Lourdes, dito pausadamente pelo sacerdote que presidia a procissão dos doentes, esse recado era revestido de uma novidade surpreendente: não era apenas um amigo de Jesus que estava doente, mas centenas, que ali estavam graças ao carinho de outras Martas e Marias, de muitos Cireneus, que empurravam suas cadeiras de rodas. Pouco a pouco, a imensa praça diante do santuário ia sendo ocupada, deixar conveniente espaço para a passagem do Santíssimo sacramento que abençoaria os doentes (p. 225).

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Vasco Arruda

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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