A força que move o universo é o reservatório ilimitado do poder criativo de cada indivíduo. Ao aprender a rezar em busca de orientação, aprendemos a utilizar essas forças de modo livre simplesmente decretando os objetivos pelos quais rezamos. No entanto, ainda é um mistério da Mente Infinita como, quando, de onde e por meio de qual fonte as respostas virão. A mente finita do ser humano simplesmente implanta o pensamento no subconsciente, que é o meio pelo qual a Mente Infinita opera. Pela prece, devemos aprender a não limitar a eficácia da reação tentando fazer exigências quanto a tempo, local e modo.

Dr. Joseph Murphy, Ph.D.

[Murphy, Joseph. Técnicas da terapia da prece. Tradução de Alexandre Tuche. – Rio de janeiro: Nova Era, 2008, p. 87.]

Nunca desacreditei do poder da oração. Desde criança desenvolvi o hábito de rezar antes de dormir. Com o tempo, fui depurando minha forma de orar. Já na idade adulta, descobri outras religiões e, com elas, formas diversas de oração. Minhas leituras de textos budistas e hinduístas, o contato com os ensinamentos de mestres dessas duas grandes religiões, me fez descobrir a meditação e os mantras. Foi um mundo novo que se abriu para mim. A prática da meditação me levou a experimentar uma forma de oração em que se busca a integração do corpo e da mente. Quando se reza é preciso que se esteja inteiro, absolutamente presente no ato de rezar. O hinduísmo e, especialmente, o budismo zen desenvolveram técnicas muito poderosas e eficazes visando esse objetivo.

Aos poucos, com o passar dos anos, fui consolidando um método próprio de oração, condizente com a minha estrutura de personalidade. A minha perspectiva religiosa é a católica, mas, nem por isso, precisei abrir mão do que aprendi com outras religiões. Penso que seja uma atitude razoável ficar com o melhor do que cada religião possa nos oferecer, de forma a que possamos professar de forma madura e consciente aquela que escolhemos para nós mesmos. É o que tenho procurado fazer.

Não consigo passar muitos dias sem rezar. Se isso acontece, começo a me sentir descentrado. É como se eu começasse a perder a noção do meu centro. O ser humano é, por natureza, dispersivo. A mente, o budismo o tem afirmado ao longo dos séculos, é como um cavalo selvagem que precisa ser domado. Provavelmente poucas técnicas são tão eficazes para a consecução deste objetivo quanto a oração, nas suas mais diversas nuances.

A forma mais comum de oração é a que o orante faz com o objetivo de obter alguma ajuda, uma graça, como diríamos na perspectiva cristã. Encontramo-la nas mais diversas religiões. Não raras vezes, muitas pessoas deixam de rezar por acreditar que os seus pedidos não são atendidos. Cabe, porém, uma indagação: por que em muitos casos as pessoas não têm os seus pedidos atendidos? Para essa questão há uma gama de possíveis respostas. A mais comum é aquela que afirma que a oração não foi feita com a fé necessária. É provável que essa seja uma explicação razoável. De fato, não se concebe que alguém nem mesmo pense em rezar se lhe falta fé. A decisão de fazer uma oração objetivando alcançar uma graça já é, por si só, uma afirmação de fé. A questão, porém, é por demais complexa para comportar uma única explicação.

Muitas vezes não temos uma real consciência daquilo que pedimos nem, tampouco, das consequências que poderiam ter para nossa vida a realização do pedido. Recuso-me a dizer quantos pedidos fiz que, depois da decepção por não ter sido atendido, passado algum tempo me senti grato por não ter sido ouvido em minhas solicitações. Na verdade, talvez não seja correto dizer que minhas preces, na ocasião, não foram ouvidas. A questão é que o melhor para mim era exatamente que, naquele momento, eu não fosse atendido. Rezar, principalmente quando a oração visa à busca da concessão de algo que supomos estar necessitando, exige maturidade. Mas essa maturidade só se adquire com a prática. Insistir na oração é condição sine qua non para atingi-la. Para mim, o aspecto mais surpreendente da oração ancora-se no seu poder transformador. Tenho observado que o simples fato de postar-se em oração já é suficiente para produzir mudanças profundas e duradouras na pessoa.

Quanto a sermos ou não atendidos em nossas solicitações, não tenho qualquer dúvida de que quando há coerência no pedido ele é atendido. Afirmo-o por crer totalmente, sem nenhuma sombra de dúvida, na promessa de Cristo, o grande Mestre:

“Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto. Porque todo aquele que pede, recebe. Quem busca, acha. A quem bate, se abrirá. Quem dentre vós dará uma pedra a seu filho, se este lhe pedir pão? E, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma serpente? Se vós, pois, que sois maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai celeste dará boas coisas aos que lhe pedirem” (Mt 7, 7-11).

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Vasco Arruda

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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