Sri Ganesha

Sri Ganesha

Os santos dão ênfase à renúncia para que um forte apego material não nos venha a impedir de obter o reino de Deus. Renúncia não significa desistir de tudo; significa abandonar pequenos prazeres pela eterna bem-aventurança. Deus fala conosco quando trabalhamos para Ele, e deveríamos falar-Lhe continuamente. Digam-Lhe tudo aquilo que lhes vier à mente. Digam a Ele: “Senhor, revela-Te, revela-Te”. Não aceitem o silêncio como resposta. Inicialmente Ele responderá dando-lhes algo que desejam, demonstrando assim estar atento a vocês. Mas não se contentem com suas dádivas. Façam-No entender que só ficarão satisfeitos coma  dádiva dEle mesmo. Finalmente Ele lhes dará uma resposta. Poderão ter a visão do rosto de um santo ou ouvir uma voz Divina lhes falando; e saberão assim que estão em comunhão com Deus.

 

Paramahansa Yogananda

[Yogananda, Paramahansa. Como falar com Deus. Los Angeles, Califórnia, EUA, 1993, p. 36].

Namastê!

O ano de 2010 começa com uma promessa. Para que se possa seguir, sempre é preciso acreditar na promessa, por mínimo que seja. Não creio que os Mestres empenhem sua palavra levianamente. Igualmente, tenho a convicção, calcada em uma vida pautada pela busca, de que a realização do sadhana não é tarefa fácil, muito pelo contrário. É por isso que os Mestres, ao tempo em que se comprometem, em seus discursos, com a verdade da realização, não descuram, ao mesmo tempo, de enfatizar a necessidade do empenho por parte do neófito.

Existe alguma coisa que foge à minha compreensão, que me liga profundamente aos Mestres do Himalaia. Fui agraciado com duas peregrinações à abençoada cordilheira. Em nenhuma delas retornei de mãos vazias. Tenho bebido muito nessa fonte, que tem se mostrado, diga-se de passagem, inesgotável. No meu incansável sadhana – o longo caminho em busca da realização -, tenho me beneficiado do auxílio de muitos Mestres que fizeram do Himalaia seu habitat. Alguns nasceram lá mesmo, nas montanhas; outros, num determinado estágio de sua vida, para lá se dirigiram e ali estabeleceram sua residência, geralmente em eremitérios. Não estou sugerindo que a conhecida cordilheira em que se encontram algumas das maiores montanhas da terra tenha o monopólio dos Mestres. Apesar disso, não se pode negar que boa parte do patrimônio espiritual da humanidade brotou da mente de Mestres lá estabelecidos. Por isso o Himalaia se tornou a Meca de quantos têm se aventurado em busca da iluminação.

Não creio, também, que seja indispensável, para o contato com tais Mestres, empreender uma peregrinação ao Himalaia, projeto nem sempre passível de realização. Entretanto, creio que para o buscador sincero, que esteja absolutamente imbuído do propósito de encontrar o Mestre – ou, em alguns casos, os Mestres -, não há barreiras intransponíveis nem feitos impossíveis. No momento oportuno e necessário, as portas se abrem, os caminhos são desobstruídos, e a jornada acontece, por mais surpreendente que julguemos tal feito.

É preciso, portanto, conforme sugere Yoganandají no trecho que pus em epígrafe a este texto, perseverança e determinação. Entre as chaves indispensáveis à realização do sadhana, essas são duas chaves que abrirão muitas portas e desobstruirão muitas encruzilhadas, para que o peregrino avance em sua busca de bem-aventurança, que é afinal, o que todos buscamos.

Ao iniciar este novo ano – esotericamente um ano muito auspicioso -, auguro a todos os leitores deste blog os melhores votos de que Sri Ganesha, o removedor de obstáculos, lhes abra todos os caminhos, lhes proporcionado todas as facilidades para que suas buscas cheguem a bom termo.

About the Author

Vasco Arruda

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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