Capital HumanoA marca fundamental da sociedade contemporânea é o conhecimento. Assim, torna-se mais decisivo para os objetivos de uma empresa contratar pessoas talentosas do que investir somente em tecnologia de última geração. A organização necessita de pessoas competentes e criativas para enfrentar as dificuldade do mercado. O capital humano pode constituir-se em elemento alavancador de resultado da organização. Constitui a vantagem que representa o “algo mais” que ela pode oferecer ao mercado e mostrar-se competitiva. É, ainda, o que faz a diferença e a personaliza, fazendo-a distinguir-se das demais. Para que isso aconteça,  é necessário que as pessoas sejam selecionadas, integradas socialmente, treinadas, desenvolvidas, lideradas, motivadas, comunicadas, avaliadas, remuneradas, recebam feedback de seu desempenho, participem das decisões que as afetem, direta ou indiretamente, e possam externar suas opiniões.

Luciano Gonzaga VanDerley

[VanDerley, Luciano Gonzaga. Capital Humano: a vantagem competitiva. Fortaleza, Edições UFC, 2010, p. 14.]

A gestão empresarial tem passado por grandes mudanças nas duas últimas décadas.  Expressões como Reengenharia de processos, Reengenharia de funções e Reengenharia organizacional estão na ordem do dia. As empresas, dizem os teóricos da administração, têm que se reinventar, sob pena de sucumbir ante as pressões da conjuntura mundial, cujo funcionamento se pauta pelas demandas de um mundo globalizado. O objetivo de qualquer empresa é a produção, não importa se de bens ou serviços. Isso vale tanto para as empresas privadas quanto para as organizações públicas. Nesse último caso, um detalhe importante não pode ser descurado: o cliente da organização pública é mais complexo que o da empresa privada, pois é o próprio povo, que paga com os impostos os serviços demandados, e que tem se tornado sempre mais exigente.

Para cumprir seus objetivos, as empresas e organizações se valem de diversos recursos, não sendo o menos importante o humano. O homem, porém, não raras vezes tem sido visto apenas como mais um recurso, equiparado ao recurso material, muitas vezes usado apenas como força de trabalho com vistas à produção, não importando suas necessidades particulares. Essa premissa se aplica tanto à iniciativa privada quanto à pública.  

A propósito, Luciano Gonzaga VanDerley, psicólogo com curso de Especialização em Gerência Geral, afirma: “O servidor público não foge a essa caracterização do homem na organização que é confundido como mais um outro recurso, sempre disponível para prestar serviços. É um prestador direto de serviço que provoca resultados imediatos; portanto é necessário que seja atendido em suas necessidades profissionais para que haja maior número de clientes satisfeitos com o tipo de atendimento oferecido” (p. 14).

Partindo do pressuposto acima, VanDerley encetou um estudo tendo por foco o servidor público. O seu estudo teve como fundamento teórico a Teoria dos Dois Fatores proposta por Frederick Herzberg (Lynn, Massachusets, EUA, 1923-Salt Lake City, Utah, EUA, 2000). Segundo Herzberg, o comportamento humano nas organizações é regido por dois fatores: Fatores higiênicos ou fatores extrínsecos, que se localizam no ambiente, e Fatores motivacionais ou fatores intrínsecos, que estão relacionados com o conteúdo do cargo e com a natureza das tarefas.

Tomando como referência Herzberg, VanDerley realizou sua pesquisa com o escopo de identificar “os fatores de satisfação e insatisfação do órgão público para verificar se os níveis de satisfação ou não-satisfação seriam resultado da atual política adotada na área de gestão de pessoas” (p. 73).  O órgão pesquisado, no caso, foi o Tribunal Regional Eleitoral do Ceará. Do estudo realizado resultou o livro Capital Humano: a vantagem competitiva, publicado pela Editora da Universidade Federal do Ceará, Edições UFC.

Professor Luciano VanDerley é psicólogo e administrador; iniciou sua tese de

Prof. Luciano VanDerley

Prof. Luciano VanDerley

doutorado em Psicologia da Universidad del Salvador, Buenos Aires, sobre O Desamparo Humano na Metapsicologia Freudiana e a sua tese de doutorado em Administração da Universidad Americana, Asunción, sobre As Facetas da Inveja no Mobbing; escreveu a sua dissertação em administração e a monografia de Especialização em Gerência Geral sobre o nível de satisfação dos servidores da Administração Pública. Ministrou disciplinas na Universidade Estadual do Rio Grande do Norte, Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Universidade Potiguar e Faculdade Integrada do Ceará. Coordenou a área de Educação e Desenvolvimento e a área Contábil e Financeira da Justiça Eleitoral; como Auditor Líder da Qualidade foi Gestor da Qualidade. 

Ao cabo de seu estudo, o pesquisador conclui pela necessidade da introdução de uma nova ordem nas organizações, que leve em conta os objetivos do indivíduo em consonância com os propósitos da organização na qual trabalha: 

 “O indivíduo no trabalho, em função das suas necessidades intrínsecas, anseia atingir determinados objetivos e a organização que não propiciar a seus membros condições para satisfação das suas necessidades enfrentará problemas de motivação. É necessário introduzir uma nova ordem que se preocupe com a ética para firmar propósitos com valores humanos. Os métodos convergem fortemente para a eficiência e não para objetivos humanos. Daí, o conflito organizacional (objetivos das organizações versus objetivos individuais) merecer atenção e não coerção. É preciso harmonizar a função econômica (produzir bens ou serviços para garantir o equilíbrio externo) e a função social (distribuir satisfação aos participantes para garantir o equilíbrio interno)” (p. 127), afirma VanDerley, pois, “A integração dos objetivos pessoais com os objetivos organizacionais resulta, no fina das contas, em maior produtividade para ambas as partes” (p. 78).

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Vasco Arruda

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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