A Ressurreição foi uma realidade transcendental, ultrapassando os limites normais da experiência humana; contudo, pessoas vivas, normais e sãs a experimentaram. Isto significou que a vida histórica de Jesus e seu ensinamento estenderam-se indefinidamente no tempo e no espaço. Quando os pensadores cristãos começaram a afirmar que Jesus era o centro da história, foi porque as condições históricas da humanidade pareciam ter sofrido uma revolução pelo que acontecera em Jesus. aquilo que, desde os tempos imemoriais, os visionários da China ao Himalaia, da Irlanda à Austrália haviam intuído como o eterno no Homem, a nossa corrente mais profunda do Ser, irrompeu na superfície do oceano do tempo na Ressurreição de Jesus. Teve dimensões únicas e universais. Irrompeu como a onda única de uma consciência humana individual que permaneceu visível em meio às incontáveis ondas que desapareciam. Mas também representava todas elas. Para os que reconhecem Jesus vivo no Espírito, a vida é diferente. É como se o aguilhão da morte tivesse sido retirado dela. Ainda vivemos dentro dos limites dos quais a Ressurreição o libertou, mas esses limites não parecem mais controlar tudo. Até hoje, tem-se acesso a uma liberdade inebriante e a uma esperança revitalizante.

Laurence Freeman

[Freeman, Laurence. Jesus, o mestre interior. Tradução de Valter Lellis Sequeira; revisão da tradução Marina Appenzeller; revisão técnica Dom Anselmo Nemoyane. – São Paulo: Martins Fontes, 2004, p. 171.]  

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Vasco Arruda

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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