De fato, reconhecemos também um Filho de Deus. E que ninguém considere ridículo que, para mim, Deus tenha um Filho. Com efeito, nós não pensamos sobre Deus, e também pai, e sobre seu Filho como fantasiam vossos poetas, mostrando-nos deuses que não são em nada melhores do que os homens, mas que o Filho de Deus é o Verbo do Pai em ideia e operação, pois conforme a ele e por seu intermédio tudo foi feito, sendo o Pai e o Filho um só. Estando o Filho no Pai e o Pai no Filho por unidade e poder do espírito, o Filho de Deus é inteligência e Verbo do Pai. Se, por causa da eminência de vossa inteligência, vos ocorre perguntar o que quer dizer “filho”, eu o direi livremente: o Filho é o primeiro broto do Pai, não como feito, pois desde o princípio Deus, que é inteligência eterna, tinha o Verbo em si mesmo; sendo eternamente racional, mas como procedendo de Deus, quando todas as coisas materiais eram natureza informe e terra inerte e estavam misturadas as coisas mais pesadas com a as mais leves, para ser sobre elas ideia e operação. E o Espírito profético concorda com nosso raciocínio, dizendo: “O Senhor me criou como princípio de seus caminhos para suas obras”.

Atenágoras de Atenas

[Atenas, Atenágoras de. Petição em favor dos cristãos. Em: Padres Apologistas. Introdução e notas explicativas Roque Frangiotti; tradução Ivo Storniolo, Euclides M. Balancin. – São Paulo: Paulus, 1995, p. 131. – (Patrística, 2).]

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Vasco Arruda

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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