Ó Verbo divino, és tu a Águia adorada que amo e que me atrai, és tu que correndo para a terra do exílio tens querido sofrer e morrer para lançar as almas no seio do Eterno Lar da Santíssima Trindade. És tu que, subindo para a inacessível Luz que de agora em diante será tua morada, ainda permaneces no vale de lágrimas, oculto sob a aparência de uma hóstia branca… Águia Eterna, queres alimentar-me com tua divina substância, eu, ser pobre e pequeno, que voltaria ao nada se teu divino olhar deixasse de me dar vida a cada instante… Ó Jesus! deixa-me no extremo da minha gratidão, deixa-me te dizer que teu amor vai até a loucura… Como queres que, diante dessa loucura, meu coração deixe de se jogar em teus braços? Como pode minha confiança ter limites?… Ah! sei, para Ti, os santos cometeram loucuras também, fizeram grandes coisas, pois eram águias

Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face

[Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face. Obras Completas (Textos e Últimas Palavras). Tradução: Carmelo de Cotia; Héber Salvador de Lima, SJ; Maria Yvonne de Campos Teixeira da Silva; Marcos Marcionilo; Pe. Maurício Ruffier, SJ; Nady de Salles Penteado. São Paulo: Loyola, 1997. Manuscrito B, O passarinho e a Águia Divina, p. 217.]

É impossível ler os escritos de Santa Teresinha do Menino Jesus e não se sentir, como ela e por ela, convidado a se embriagar do amor divino, manifestado em Jesus Cristo, o grande Mestre. É esse o convite insistente, persistente e nunca desistente que sinto cada vez que retorno aos escritos da muito querida Florzinha Primaveril. Ser um dos loucos de Deus, é esse o apelo que ela nos faz. Nesses dias em que, no mundo inteiro, as paróquias dedicadas à Santa de Lisieux celebram sua festa, iniciada ontem, também eu me uni a todos os seus fiéis devotos, iniciando a novena e investindo parte do meu tempo à leitura do Manuscrito B, um de seus escritos autobiográficos.

O Manuscrito B constitui, na minha opinião, um dos mais belos textos escritos por Santa Teresinha. Na edição brasileira de suas obras completas, esse escrito ocupa apenas doze do total de suas 1374 páginas. Mas… que texto! Quanta densidade, quanta profundidade, se encontra em tão poucas páginas. Talvez se possa afirmar que, nele, está contida a essência de sua pequena via de confiança e de amor, ou de sua pequena doutrina, conforme está posto na nota 2 do texto.

Por que a via de acesso a Deus proposta por santa Teresinha do Menino Jesus é chamada pequena via? A resposta é simples: porque ela consiste única e exclusivamente na entrega, sem meias-medidas, ao amor de Deus manifestado em Seu Filho, Jesus Cristo. Para que essa entrega se consume, convida-nos ela a nos fazermos loucos, loucos pelo amor de Cristo. Mesmo reconhecendo-se pequena demais – e quanto a esse aspecto, Santa Teresinha se faz muito próxima de cada um de nós que aceite acercar-se desse Amor –, ela anseia por ser aceita e, mais que isso, sabe que será aceita, em que pese sua pequenez. É o que a leva a exclamar:

Jesus, sou pequena demais para fazer grandes coisas… e minha loucura pessoal é esperar que teu Amor me aceite como vítima… Minha loucura consiste em suplicar às Águias, minhas irmãs, que consigam para mim o favor de voar para o Sol do Amor com as próprias asas da Águia divina… (Manuscrito B, Obras Completas, p. 218).

A quem desejar fazer a Novena de Santa Teresinha do Menino Jesus (não me refiro, nesse caso, à Novena das Rosas, que se costuma iniciar no dia 9 de cada mês), e não a tiver impressa, poderá encontrá-la no seguinte endereço:

http://home.netsite.com.br/steresa/novena.html

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Vasco Arruda

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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