Albert Schweitzer interagiu com aproximadamente duzentos livros sobre Jesus quando publicou seu clássico Em busca do Jesus histórico, em 1907. Hoje, seria preciso consultar um número ainda maior de livros, sendo necessárias muitas páginas apenas para enumerar as teorias sobre quem Jesus é. Minha tarefa não é tão ousada. Como muitos estudiosos escreveram que Jesus pode ser reivindicado por todos, quem quer que sejam eles – deístas, budistas, hindus, ritualista ou estudiosos críticos – o leitor comum passa a acreditar que Jesus não pode realmente ser conhecido. Que quem ele é depende do ponto de vista do observador. Discordo totalmente disso. Contudo, apresentar de todos os ângulos as inúmeras visões de Jesus representaria levar o leitor comum a se perder em um labirinto do qual provavelmente não seria capaz de se desvencilhar. Encorajo aqueles que desejam explorar esse tópico em maior profundidade a consultar a bibliografia dos livros evangélicos que interagem com os ataques à visão tradicional de Jesus. Minha tarefa, portanto, é mais modesta. Meu desejo é que o leitor comum, não especializado, receba o conhecimento sobre Jesus real em meio à disputa atual da existência de um número de compreensões igualmente legítimas sobre Jesus. Minha alegação é que aqueles que advogam um Jesus diferente daquele apresentado nos evangelhos canônicos e nos ensinos dos apóstolos apresentam um Jesus que nunca existiu (exceto na mente deles). O Jesus que realmente existiu no século I d.C. é apresentado de forma precisa por aqueles que o conheceram, e essa apresentação de sua vida, de sua obra e palavras fornece a informação apropriada sobre a qual ele pode estruturar o conhecimento correto daquele que é o salvador da igreja e Senhor do cosmo.

H. Wayne House

[House, H. Wayne. O Jesus que nunca existiu. Tradução Lena Aranha. – São Paulo: Hagnos, 2009, p. 15.]   

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Vasco Arruda

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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