Através do Pai-Nosso, a perspectiva se dirige para o próprio Jesus, para a sua mensagem e sua pessoa. Das sete petições pode-se deduzir como Jesus experimentou Deus e como ele entendeu a sua missão.

Jesus não aparece explicitamente no Pai-Nosso. Não há nenhuma palavra sobre ele próprio, sobre a sua honra e a sua atuação, também não aparece nenhuma palavra sobre a Igreja. O Pai-Nosso é totalmente teocêntrico. Nele se fala somente de Deus dentro do triângulo: Deus – mundo – ser humano. Com isso, aponta-se para os tempos iniciais do cristianismo, para os inícios jesuânicos.

Mas justamente pelo fato de o Pai-Nosso falar de modo concentrado sobre Deus é que Jesus está presente nele de forma abscôndita. Pois justamente a concentração em Deus corresponde à essência básica da sua existência e constitui a força motora de sua proclamação. Jesus não pregou a si mesmo. Ele não está interessado na sua autorrealização, mas na realidade e na realização de Deus. Sua profissão é falar de Deus no mundo e suscitar fé nas pessoas é o seu objetivo. Nele próprio se manifesta o que significa ter fé em Deus. Ele interpretou a sua relação pessoal com Deus nas suas pregações e nas suas ações. O Pai-Nosso contém a quintessência de sua experiência de Deus. Por isso, este é o credo próprio de Jesus.

Heinz Zahrnt

[Zahrnt, Heinz. Viver como se Deus existisse. Tradução de Haroldo Reimer e Ivoni Richter Reimer. – Petrópolis, RJ: Vozes, 1996, p. 162.]  

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Vasco Arruda

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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