Quem é Jesus para a comunidade joanina? É o “filho de José, de Nazaré” (Jo 1,45), aparentemente insignificante (1,46), vivendo a vida do profeta rejeitado.  A comunidade lembra os “sinais” desse profeta, suas credenciais, que não foram reconhecidas (12,37). Se houve alguma “suspeita” de que ele fosse o Messias, isso não era entendido no sentido certo; não era entendido no sentido de um revelador do rosto de Deus, mas de um Messias nacional, um “salvador da pátria” (6,14). O próprio termo “Messias” ou “Cristo” não é muito importante para João. Mais importante é o título de “Filho do Homem”, que sugere a origem celeste e o papel de vencer as potências do mundo (Dn 7,13-14).

O mais importante, porém, é ver em Jesus o Filho, sem mais: o Filho de Deus que por amor se põe a serviço da vontade salvífica do Pai (Jo 3,16). Porque ele sabe que o Pai o ama, ele também ama os seus até o fim (Jo 13,1; 15,9-12), deixando-lhes seu exemplo e a missão de amor do mesmo jeito.

A situação de opressão, em vez de ser uma razão de desespero, torna-se assim um desafio ao amor fraterno e à resistência contra as forças sedutoras e dispersivas que têm o nome de Satanás, Diabo, Apolião… A contemplação da glória conferida ao Filho – Cordeiro imolado, entregando a vida pelos seus – e a presença de seu Espírito sustentam na comunidade a vida verdadeira  e definitiva que possuem aqueles que trilham seu caminho.

Johan Konings

[Konings, Johan. Cristologia na Comunidade Joanina.  In: Aquino, Marcelo Fernandes de (organização de).  Jesus de Nazaré, profeta da liberdade e da esperança. – São Leopoldo: Ed. UNISINOS, 1999, p. 71.]

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Vasco Arruda

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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