Cristo, desde o início, se acha no centro da fé e da vida da Igreja. E também no centro do magistério e da teologia. Quanto ao magistério, é preciso reportar-se a todo o primeiro milênio, a partir do I Concílio de Niceia, passando pelos de Éfeso e Calcedônia, e depois até o II Concílio de Niceia, consequência dos anteriores. Todos os concílios do primeiro milênio giram em torno do mistério da Santíssima Trindade, compreendendo a processão do Espírito Santo; mas todos, na sua raiz, são cristológicos. Desde que Pedro confessou: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16,16), Cristo se achou no centro da fé e da vida dos cristãos, no centro do testemunho deles, que muitas vezes foi até o extremo do derramamento de sangue.

Graças a esta fé, a Igreja conheceu uma crescente expansão, apesar das perseguições. E a fé progressivamente foi cristianizando o mundo antigo. E mesmo que mais tarde tenha aparecido a ameaça do arianismo, a verdadeira fé em Cristo, Deus-Homem, segundo a confissão de Pedro em Cesareia de Filipe, não cessou de ser o centro da vida, do testemunho, do culto e da liturgia. Poder-se-ia falar de uma concentração cristológica do Cristianismo, que ocorreu já desde o início.

Isto se refere, antes de tudo, à fé e diz respeito à tradição viva da Igreja. Uma expressão peculiar da mesma se dá no culto mariano e na mariologia: “Foi concebido do Espírito Santo, nasceu de Maria Virgem” (Credo). A marianidade e a mariologia da Igreja não são senão outro aspecto da mencionada concentração cristológica.

Sua Santidade João Paulo II

[João Paulo II, Papa. Cruzando o limiar da esperança: Depoimentos de João Paulo II a Vittorio Messori. Tradução Antônio Angonese e Ephraim Ferreira Alves. – Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1994, p. 58]

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Vasco Arruda

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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