O anjo espera a tua resposta, ó Maria! Esperamos também nós, ó Senhora, este teu dom que é dom de Deus. Está nas tuas mãos o preço do nosso resgate. Responde depressa, ó Virgem! Pronuncia, ó Senhora, a palavra que a terra e o céu esperam. Dá a tua palavra e acolhe a Palavra; diz a tua palavra humana e concebe a Palavra de Deus; pronuncia a tua palavra que passa e estreita no teu seio a Palavra que é eterna… Abre, portanto, ó Virgem bendita, o teu coração à fé, os teus lábios à palavra, o teu seio ao Criador. Eis, aquele que é o desejo de todas as gentes, está fora e bate à tua porta… Levanta-te, corre, abre! Levanta-te com a tua fé, corre com o teu afecto, abre com o teu consentimento.

São Bernardo

[Citado por: Ravasi, Gianfranco.  Tradução de Maria Pereira – TRADUVÁRIOS. Os rostos de Maria na Bíblia. Lisboa: Paulus, 2008, p. 156.]

Dentre as muitas histórias extraordinárias ou miraculosas associadas a São Bernardo, nascido em 1090 e falecido em 1153, uma em especial me é particularmente simpática. Conta-se que sempre que passava diante de uma imagem de Nossa Senhora o monge pronunciava a saudação: “Ave Maria”. Certa ocasião estando em um mosteiro, ao passar diante de uma imagem da Virgem e pronunciar a habitual saudação a imagem teria respondido: “Ave Barnardo”.

Verdade ou lenda, o fato é que São Bernardo indiscutivelmente mereceria ter sido agraciado com tal privilégio pela Mãe do Redentor, em virtude da grande devoção e dos maravilhosos escritos e orações que lhe tributou.

São Bernardo de Claraval

Um desses escritos é citado por Gianfranco Ravasi no livro Os rostos de Maria na Bíblia.  É um texto de grande beleza, entre outras coisas, pelo jogo que São Bernardo faz entre a palavra de Maria e a Palavra de Deus, o Verbo divino em cujo seio deveria se incarnar, dependendo, para tanto, da aquiescência da jovem de Nazaré.

No sim de Maria, pode-se afirmar, estava implícito o Sim de Deus ao homem, ao enviar Seu Filho nascido do ventre de uma mulher.

Mas o sim de Maria tem também outro significado se colocado numa outra perspectiva. Trata-se do anseio de seus degredados filhos que por sua palavra se faça ela intercessora de todos nós diante do Pai e de Seu Filho unigênito.  Quanto a este sim, penso que Maria o dá a cada momento, bastando para tanto que dela nos acerquemos com o amor que compete a um filho devotar á sua mãe.

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Vasco Arruda

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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