É do seu conhecimento que Milton Dias – nosso eterno relembrado – recebeu estranha carta, acompanhada de um bilhete, em que o remetente esclarece haver captado o texto numa comunicação do Além, acrescentando que o autor, que se dizia leitor terreno do Milton, pedia a publicação da Carta do Morto?
Silas Falcão

Há alguns meses tenho passado minhas tardes de quinta-feira na sala que abriga o banco de dados do jornal O POVO, na Avenida Aguanambi, realizando pesquisas para uma publicação que estamos pretendendo publicar em 2012 sobre os 80 anos da Justiça Eleitoral. Desde que comecei minhas pesquisas, tenho observado o companheiro que ocupa o computador ao meu lado. Das 14 às 17 horas ele permanece ali, quase inerte, com o olhar fixo na tela do computador, enquanto com um clique do mouse vai escolhendo as matérias que lhe interessam.

Num determinado dia, ao olhar inadvertidamente para o lado, vislumbro na tela do seu computador um nome: Milton Dias. Será que ele está pesquisando sobre o Milton Dias?, pensei. Tive vontade de perguntar, mas não quis correr o risco de ser tachado de curioso e, pior ainda, inconveniente. O desejo de esclarecer aquela dúvida, entretanto, não me saiu mais da cabeça. Isso, por um motivo muito simples: sou um apaixonado por Milton Dias.

Pois bem, quinta-feira da semana passada, em determinado momento o colega de pesquisas se levanta e caminha até o Miguel, o funcionário do banco de dados a cujo auxílio, sempre providencial e prestado com total solicitude, os pesquisadores recorrem cada vez que se enrolam nas pesquisas. Achegou-se e sussurrou baixinho: “Miguel, tu sabes me informar se a Assembleia Legislativa tem um banco de dados? É que descobri que o Milton Dias recebeu o título de cidadão massapeense e fez um discurso tão bonito que o Fausto Arruda sugeriu que fizessem constar em ata”.

Pronto! Estava criada a oportunidade para que eu não adiasse mais minha curiosidade e, claro, eu não a desperdiçaria por nada. Tão logo finalizou a conversa com o Miguel, no momento em que voltava para sua cadeira inquiri do colega: “Desculpe a curiosidade, mas você está pesquisando sobre o Milton Dias?” A pergunta se revelou oportuna, pois motivado por ela entabulamos um diálogo maravilhoso em que o meu colega falou prazerosamente do motivo de sua estadia ali: a realização de uma pesquisa detalhada sobre Milton Dias com vistas à publicação de um livro em 2012.

Ao longo de nossa conversa, que não pôde durar muito porque tanto ele quanto eu tínhamos que retornar às nossas pesquisas, Silas Falcão – é este o seu nome – informou-me que gosta tanto de Milton que criou um blog, intitulado Relembranças de Milton Dias.Também já mediou um dos Percursos Urbanos que são promovidos aos sábados pelo Centro Cultural do BNB, o qual teve por tema alguns lugares de Fortaleza associados à vida do escritor.

Silas Falcão é cearense de Crateús. Cursa administração de empresa. É Diretor de eventos da Associação Cearense de Escritores-ACE. Participa das coletâneas Abraço Literário, Papo Literário, XII Prêmio Ideal Clube de Literatura, prêmio Geraldo Melo Mourão de poesia. Publicou Por quem somos?, livro de crônicas. Autor dos projetos Leituras sem fronteiras. Você Moda Cultural e outros. Pertence a Academia de Letras de Crateús, ocupando a cadeira nº 23, patroneado  – adivinhem por quem? – isso mesmo: Milton Dias.

Sobre Milton Dias declarou certa vez Moreira Campos: “Milton sempre tinha coisas e casos a contar-nos, com graça, com efeito, com resultados imprevisíveis e, no comum, reveladores da precária condição humana, tão rica de equívocos e desencontros.”

Na visita que fiz ao blog do Silas por mais de uma vez me senti tentado a reproduzir aqui alguns trechos dos muitos textos de Milton Dias citados por ele, todos reveladores da beleza e sensibilidade peculiares a este grande escritor. Preferi, no entanto, me conter, deixando que este prazer seja proporcionado a quem queira acessar o próprio blog do Silas, pois tanto pela riqueza do material ali apresentado quanto pelo trabalho e dedicação que tem despendido com vistas à pesquisa e divulgação da obra literária de Milton Dias – inclusive, escritos inéditos -, ele bem merece ter seu blog acessado por leitores e cultores da boa literatura.

Segue o link do blog:

http://relembrancasdemiltondias.blogspot.com/

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Vasco Arruda

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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