Há muitos anos venho colecionando orações de diversos credos, esquecidas ou deixadas propositalmente nos bancos de igrejas. Muitas delas criadas pela crença ou pelas necessidades do povo. Aprendi com as orações a história sofrida dos personagens santificados pela igreja.

A coleção ganhou uma proporção maior do que eu esperava. Ela não poderia pertencer só a mim. E acabou virando este livro, que gostaria que fosse lido, despretensiosamente, como a confissão de amor, de uma leiga, a Nossa Senhora, Rainha do Céu.

Luciana Savaget

[Savaget, Luciana.  Maria de todas as graças. – 4ª. edição. – Rio de Janeiro: BestBolso, 2011, p. 11.]

Nenhuma devoção dedicada pelos fiéis católicos aos santos jamais conseguirá se equiparar à que é tributada a Nossa Senhora. Desde os primórdios da Igreja até a atualidade, a reverência de que goza Maria no coração dos praticantes da religião Católica nunca deixou de crescer. Não estaríamos incorrendo em exagero se arriscássemos dizer que o culto à Virgem atingiu na atualidade tal proporção que o levou a adquirir uma autonomia própria e peculiar em relação ao que é dedicado aos demais santos que fazem parte do panteão da Igreja.

Um dos grandes responsáveis por isso pode ser identificado na forma carinhosa como os fiéis sempre se dirigem a Nossa Senhora, tratando-a preferencialmente como mãe. Uma mãe que com o olhar sempre compassivo e benevolente, acolhe em sua imensa misericórdia todos aqueles que dela se aproximam em busca de ajuda para as suas necessidades, sejam elas de natureza espiritual ou material.

O meio privilegiado dessa aproximação é a oração.  E é exatamente à apresentação de uma coletânea de orações que se propõe Luciana Savaget no livro Maria de todas as graças. Assim explica ela a motivação para a publicação: “Foi com a ajuda das orações que conheci Maria. Maria mulher, Maria do povo. Antes de ser Rainha Gloriosa, ela é mãe: amorosa e sofrida” (p. 11). O belo e atraente título é explicado pela autora ao afirmar que “foi por meio da paixão e da dor que a devoção popular brotou, trazendo nomes e sobrenomes carinhosos para a simples Maria, que passou a ser de todas as graças” (p. 12).

Maria de todas as graças é uma coletânea de cinquenta e nove orações dedicadas a Nossa Senhora. Uma peculiaridade do livro, que o distingue e enriquece, é o fato da autora introduzir cada oração com uma explicação histórica de sua origem. Ele abre com o Magnificat, seguido da Ave-Maria, com a explicação da origem de cada uma de suas três partes:

É dividida em três partes. A primeira: “Ave-Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco” (Lc 1,28), foi a saudação dita pelo anjo Gabriel quando convidou Maria para se tornar Mãe de Deus.

A segunda vem de Isabel, prima de Nossa Senhora: “Bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto de vosso ventre!” (Lc 1,42).

Com o passar dos anos, os cristãos acrescentaram: “Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte!” (p. 17).   

Luciana Savaget nasceu no Rio de Janeiro. Jornalista e escritora, ganhou diversos prêmios, entre eles o de Personalidade do Ano Internacional da Criança conferido pela União Brasileira dos Escritores. Em 1993 recebeu o diploma de honra ao mérito no Festival Internacional de Filmes e TV de Nova York, com a reportagem “Trabalho Infantil”, transmitida pelo programa Globo Repórter. Em 2002 ganhou o prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos. Luciana Savaget tem 25 livros publicados – entre obras infanto-juvenis e para adultos -, alguns deles traduzidos para o espanhol, alemão e árabe.

Apesar de conhecer algumas das orações apresentadas em Maria de todas as graças, outras, porém, me eram totalmente desconhecidas. Por esse motivo, o belo livrinho de Luciana Savaget foi um verdadeiro achado. Um convite a rezar e a aprofundar minha nunca olvidada devoção a Nossa Senhora.

About the Author

Vasco Arruda

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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