Mãe admirável, apresentai-me ao vosso amado Filho como seu eterno escravo, a fim de que, tendo-me ele resgatado por meio de vós, também por vós me receba.

Mãe de misericórdia, concedei-me a graça de obter a verdadeira Sabedoria de Deus, e ponde-me para isto entre os que amais, instruís, dirigis, alimentais e protegeis como filhos e escravos vossos.

Virgem fiel, tornai-me em todas as coisas tão perfeito discípulo, imitador e escravo da Sabedoria encarnada, Jesus Cristo, vosso Filho, que eu chegue, por vossa intercessão e a exemplo vosso, à plenitude de sua idade na terra e de sua glória no céu.

São Luiz Maria Grignion de Montfort

[Gabriel de Sta. Mª Madalena, O.C.D. Intimidade Divina. – 5ª. ed. – Revisão: Silvana Cobucci e Paulo César de Oliveira. São Paulo: Loyola, 2010, p.  393.]

Sábado passado escrevi neste blog a respeito de Maria como caminho seguro de acesso a Cristo. Dando continuidade ao tema, gostaria de falar hoje da oração mediada por Maria como um dos caminhos mais viáveis e seguros para tal acesso. Os leitores têm, acima, uma oração de São Luiz Maria Grignion de Monfort, no qual um dos maiores mariologistas de todos os tempos – basta lembrar o seu livro Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem Maria -, se dirige a Nossa Senhora pedindo que ela o apresente ao seu amado Filho.

É uma oração de um poder extraordinário. Modéstia à parte e com os meus devidos pedidos de desculpas pela presunção, posso modestamente dizer que falo pela experiência. A quem estiver disposto a acolher uma sugestão, proponho que experimente fazer esta oração diariamente durante quarenta dias imbuído do propósito, ou melhor, da certeza, de ser apresentado por Maria ao seu Filho, Jesus Cristo. Depois, tire suas próprias conclusões.

Devo salientar que, embora a fé seja sempre postulada como um dos pressupostos indispensáveis para a eficácia da oração, isso é só parcialmente verdadeiro. Creio que a fé potencializa o poder da oração, mas não é indispensável. Quem reza por rezar, mesmo sem fé, de algum modo se beneficia da oração.

E aqui entra a figura de Maria como importantíssima protagonista no drama dos que perderam a fé. São Bernardo, outro grande mariologista, diz muito sabiamente que nunca se ouviu falar que um devoto de Maria se perdesse. A explicação é simples: ela simplesmente não permite que isso aconteça.

E aqui, mais uma vez, modestamente posso afirmar que, falando a partir da minha própria experiência, posso dizer que São Bernardo sabia o que dizia quando fez esta afirmação.

Você tem apenas um fiapo de fé, um fio finíssimo que está quase se rompendo? Pois bem, pegue este fio e entregue-o a Maria, ela saberá muito bem o que fazer com ele. Ela mesam tecerá, a partir dele, outros fios, transformando-o num poderoso manto que o protegerá quando as procelas e intempéries que ameaçam a perda total da fé acometerem contra você.

Se nada mais restar de sua fé, mas, ainda assim, você se decidir a recorrer a Nossa Senhora, esteja certo: ela não o deixará perecer. Dê-lhe apenas um último voto de confiança e invista tudo nessa devoção. Esteja certo: sua tentativa não será vã.

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Vasco Arruda

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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