Para agradecer a Deus pelas graças que concedeu à Santíssima Virgem, dirão frequentemente o Magnificat, a exemplo da bem-aventurada  Maria d`Oigines e de muitos outros santos. É a única oração e a única obra composta por Maria, ou, melhor, que Jesus fez por meio dela, pois Ele fala pela boca de sua Mãe Santíssima. É o maior sacrifício de louvor que Deus já recebeu na lei da graça. É, dum lado, o mais humilde e o mais reconhecido e, doutro, o mais sublime e mais elevado de todos os cânticos. Há neste cântico mistérios tão grandes e tão ocultos, que até os anjos ignoram.

São Luís Maria Grignion de Montfort

[Montfort , São Luís Maria Grignion de . Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem. 41ª ed. Petrópolis: Vozes, 2012, p. 241.]

São Luís Maria Grignion de Montfort, no seu conhecidíssimo “Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem”, recomenda, como uma das formas de demonstrar a devoção a Nossa Senhora, a recitação do Magnificat. Seguramente, este é um dos mais belos textos do Novo Testamento. Trata-se da oração – ou cântico, como preferem alguns – proferida por Maria quando da visita a sua prima Isabel.

O autor da obra acima mencionada atribui inestimável valor à recitação dessa oração. De minha parte, posso afirmar que há muitos, muitos anos mesmo (já vai pra bem mais de vinte) adotei o hábito de recitar diversas vezes ao dia essa oração. Com o passar do tempo, acabei decorando-a. Fiz dela o meu mantra predileto. Não importa o local nem a ocasião, frequentemente a recito mentalmente.

Adotei, também, o hábito de sempre iniciar as minhas orações por ela. Assim, a qualquer hora, sempre que vou rezar, começo pela recitação do Magnificat. Transcrevo, abaixo, o trecho do Evangelho de São Lucas em que é relatada a visita de Maria a Isabel, seguida do Magnificat.

Naqueles dias, Maria pôs a caminho para a região montanhosa, dirigindo-se apressadamente a uma cidade de Judá. Entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. Ora, quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança lhe estremeceu no ventre e Isabel ficou repleta do Espírito Santo. Com um grande grito exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito o fruto de teu ventre! Donde me vem que a mãe do meu Senhor me visite? Pois quando tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria em meu ventre. Feliz aquela que creu, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido.

Maria, então, disse:

“Minha alma engrandece o Senhor,

e meu espírito exulta em Deus em meu Salvador,

porque olhou para a humildade de sua serva.

Sim! Doravante as gerações todas

me chamarão de bem-aventurada,

pois o Todo-Poderoso fez grandes coisas

em meu favor.

Seu nome é santo

e sua misericórdia perdura de geração em geração,

para aqueles que o temem.

Agiu com a força de seu braço,

dispersou os homens de coração orgulhoso.

Depôs poderosos de seus tronos,

e a humildes exaltou.

Cumulou de bens a famintos

e despediu ricos de mãos vazias.

Socorreu Israel, seu servo,

lembrado de sua misericórdia

– conforme prometera a nossos pais –

em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre!”

Lc 1, 39-55

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Vasco Arruda

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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