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Vasco Arruda

677 Articles

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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Vasco Arruda

Pai, Filho e Espírito Santo, Trindade ardente e criadora, que conduzis com força e suavidade todos os seres do universo para seu eterno destino, associai-me à fecundidade dos vossos atos. Dai-me uma alma de Cristo, uma alma de Redentor.
Desenvolva-se toda a minha vida no plano da redenção, com a plena consciência de que através das mínimas particularidades da minha existência realizam-se vossos desígnios eternos. À luz de vossas inspirações e com o apoio de vossa graça, escolha eu ser redentor e colaborador com ele na ação maravilhosamente fecunda de vossa Trindade no mundo…
Dai-me invencível fortaleza de espírito. Seja meu amor por vós mais forte do que a morte. Jamais se dobre minha vontade perante o dever, e nada possa diminuir meu ardor no vosso serviço. Inspirai-me a audácia das grandes obras e dai-me força para realizá-las, até o martírio, se necessário, para a maior glória de vosso nome.
M. M. Philipn
[Citado em: Gabriel de Sta. Mª Madalena, O.C.D. Intimidade Divina. – 5ª. ed. – Revisão: Silvana Cobucci e Paulo César de Oliveira. São Paulo: Loyola, 2010, p. 493.]

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Vasco Arruda

Ó Cristo, não sois uma verdade entre outras. Sois a Verdade, e tudo o que é verdadeiro neste mundo sois vós. Não sois um amor entre outros. Sois o Amor em quem se purificam, santificam-se, unificam-se – não diminuídos, antes completados – todos os amores autênticos. Não sois um meio entre outros, um meio a se usar ao lado de outros meios e de cuja eficácia fosse lícito duvidar… mas sois a única estrada, e ao mesmo tempo o verdadeiro termo, sois a Vida…
Ah! Senhor! Que poderia fazer sem vós, pois que tomastes tudo em mim, sois o que existe de mais íntimo em mim, sois minha grandeza, minha vida, meu tudo?
Ó Cristo, reconheço-vos como meu único Senhor, para sempre. Ai de mim se tivesse de oferecer meu coração e meu espírito a outro mestre! Porque não existem outros mestres para o homem, nem outros amores fora de vós, o Amor.
Eis todos os meus recursos, todos os meus talentos, de que posso lançar mão… Nada vos quero esconder, nada subtrair, nada vos roubar… Tudo vos entrego… Este compromisso entre mim e vós é compromisso de pessoa a pessoa, de amor a amor, cuja cláusula única consiste em jamais falar de limites ao dom… Entre nós, tudo é para a vida e para a morte.
P. Lyonnet
[P. Lyonnt, Escritos espirituais. Citado em: Gabriel de Sta. Mª Madalena, O.C.D. Intimidade Divina. – 5ª. ed. – Revisão: Silvana Cobucci e Paulo César de Oliveira. São Paulo: Loyola, 2010, p. 340.]

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Vasco Arruda

Se a mim vos chegais, ó Senhor, como posso duvidar que serei capaz de prestar-vos muitos serviços? Se assim é, de hoje em diante, Senhor, quero esquecer-me de mim, e olhar só em que vos poderei servir, e não ter outra vontade senão a vossa. Mas não tem eficácia o meu querer: vós sois o poderoso, Deus meu! O que está em minhas mãos, que é determinar-me a agir, desde este momento o faço, disposta a por mãos à obra.
Santa Teresa d´Ávila
[Santa Teresa d´Ávila. Conceitos do amor de Deus, 4,11. Citado em: Gabriel de Sta. Mª Madalena, O.C.D. Intimidade Divina. – 5ª. ed. – Revisão: Silvana Cobucci e Paulo César de Oliveira. São Paulo: Loyola, 2010, p. 508.]

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Vasco Arruda

Os que se dedicam à crítica das ações humanas jamais se sentem tão embaraçados como quando procuram agrupar e harmonizar sob uma mesma luz todos os atos dos homens, pois estes se contradizem comumente e a tal ponto que não parecem provir de um mesmo indivíduo.
Michel de Montaigne
[Montaigne. Ensaios. – Tradução, prefácio e notas linguísticas e interpretativas de Sérgio Milliet. Rio de Janeiro: Ediouro, s/d. – Livro Segundo, Capítulo I, Da incoerência de nossas ações, p. 285.]

Vasco Arruda

Acho que esse livro depende de um milagre. Passo o dia ao lado do telefone, que não toca. Meu Deus! Por que não liga um jornalista dizendo que gostou do meu livro? Minha obra é maior que minhas manias, minhas palavras, meus sentimentos. Por ela me humilho, peco, espero, desespero.
Paulo Coelho
[Morais, Fernando. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2008, p. 481.]

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Vasco Arruda

Desde que comecei a entrevistar escritores, há pelo menos duas décadas, sempre me impressionei com seu desamparo, com o abandono do homem massacrado pelas leituras que se aderem à obra, e me interessei mais por essas zonas sombrias em que eles travam suas batalhas, pelas pequenas torturas impostas pelo mercado e pela crítica, pelas exigências da vaidade, pela loucura enfim que toma conta de um homem quando ele se posta diante do papel em branco, do que pelas imagens sofisticadas e cheias de glamour que a mídia constrói a seu respeito. A julgar por essa imagem pública, escritores são indivíduos de ânimo firme, sempre cheios de coisas a dizer, que vivem uma rotina espetacular, habitando um mundo restrito, dedicado ao transe, às homenagens e à aventura. Mas escrever inclui farta dose de entrega, de abandono, de devassamento, e impõe um combate contínuo contra o orgulho, o desespero e a solidão, destino que faz dos escritores, quase sempre, seres suscetíveis e irrequietos, que carregam sonhos além de suas forças.
José Castello
[Castello, José. Inventário das sombras. – 3ª. ed. – Rio de Janeiro: Record, 2006, p. 7.]

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Vasco Arruda

Eu quis fazer de minha vida um laboratório.
Inventei (?) muitas fórmulas.
Experimentei todas.
Algumas foram bem-sucedidas.
De outras, ressurgi como Fênix.

Uma certeza firmei:
o que vale não é o que está explícito.
Para se ver claramente,
é preciso tirar todos os óculos
e andar nas entrelinhas.
Goretti Moreira
[Moreira, Goretti. Entrelinhas. – Fortaleza: Premius, 2012, p. 101.]

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Vasco Arruda

O Evangelho vem de Jesus Cristo, a religião não. É preciso partir de uma distinção básica, que agora vários teólogos já propuseram, entre o Evangelho e a religião. O Evangelho não é religioso. Jesus não fundou nenhuma religião. Dedicou-se a anunciar e promover o Reino de Deus, ou seja, uma mudança radical de toda a humanidade em todos os aspectos. Os pobres são os autores dessa mudança. Jesus se dirige aos pobres sabendo que só eles são capazes de atuar com essa sinceridade, com essa autenticidade de se promover um novo mundo. Jesus não fundou uma religião, mas seus discípulos criaram uma religião a partir dele. Por quê? Porque a religião é algo indispensável aos seres humanos. Não se pode viver sem religião. Como começou a religião cristã? Deve ter começado quando Jesus se transformou em objeto de culto. Isso aconteceu muito cedo, principalmente entre os discípulos que não o conheceram pessoalmente, não tinham vivido com ele nem ficado perto dele. Na geração seguinte ou entre os que viviam mais distantes, Jesus se transformou em objeto de culto e com isso se desumanizou progressivamente. O culto a Jesus vai substituindo o seguimento de Jesus. Jesus nunca tinha pedido aos discípulos um aro de culto, nunca tinha pedido que lhe oferecessem um rito, nunca. Ele quis o seguimento. Jesus veio para mostrar o caminho para que o sigamos. Isso é o básico. É claro que não sabemos tudo, porque a maioria dos que seguiram o caminho de Jesus era pobre. A maioria está no outro polo, na religião, ou seja, dedicando-se à doutrina, ensinando a doutrina, defendendo a doutrina contra os hereges e as heresias. Essa foi uma das grandes tarefas: praticar os ritos e formar a classe sagrada, a classe sacerdotal. Com os Concílios de Niceia e Constantinopla, já há um núcleo de ensino e de teologia e a Igreja já se dedica a defender, promover e aumentar essa teologia. Até Constantino não havia distinção entre pessoas sagradas e profanas. Todos eram leigos. O clero como classe separada é uma invenção de Constantino. Quando eu era jovem, nos deram ´história da Igreja´, que na realidade era ´ história da instituição eclesiástica´. Aí só se falava de religião, supondo que a religião fosse a introdução ao Evangelho. Mas o Evangelho se vive na vida real, material, social, enquanto a religião se vive num mundo simbólico. Tudo é simbólico: doutrina, ritos, sacerdotes. As religiões estão sempre associadas a uma cultura.
Pablo Richard
[Richard, Pablo. Movimento bíblico no povo de Deus e crise irreversível da Igreja hierárquica. Em: Hoornaert, Eduardo (org.). Novos desafios para o cristianismo: a contribuição de José Comblin. – São Paulo: Paulus, 2012, p. 30.]