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Vasco Arruda

677 Articles

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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Vasco Arruda

O pensamento doutrinário de Jesus está todo ele fincado em dois pilares, em duas colunas, quais sejam: a responsabilidade e o merecimento. Quanto à responsabilidade, quis Jesus demonstrar que o indivíduo responde por suas ações, pelos seus atos, pelo seu crescimento espiritual até chegar à perfeição. Quanto ao merecimento, quis Jesus demonstrar que o indivíduo, pelo esforço individual, e pelo seu merecimento, alcançará o Reino do Céu, a perfeição estipulada por Deus, objetivo maior destinado a todos os seus filhos. Para que o indivíduo alcance a perfeição serão necessárias várias existências e foi por isso que Jesus falou de maneira velada. O sermão da montanha – as Bem-aventuranças – sintetiza toda a sua doutrina. Se nada mais Ele tivesse falado e exemplificado, o conteúdo moral nele encerrado dispensaria todo o resto. Nesse sentido, os próprios Evangelhos são seus complementos.
José Gilbervan de Oliveira
[Oliveira, José Gilbervan de. O espiritismo e Jesus: a fé raciocinada em contraposição à fé cega. Fortaleza: Gráfica LCR, 2011, p. 130.]

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Vasco Arruda

A mariologia supera em muito o simples dado bíblico revelado. Maria de Nazaré não é um simples personagem como Simão Pedro, ou Paulo, ou Maria Madalena. Esses são personagens circunscritos em sua historicidade e, quando vão além dela, fazem-no a partir de uma espécie de exemplaridade de tipo hierárquico-institucional ou espiritual. O caso de Maria vai além. Ela emerge como um personagem arquetípico. Mais ainda: não poucos entendem que ela não é só um personagem do passado, mas que é “contemporânea” de todas as gerações que a sucedem, por aplicar-lhe a mesma imagem que Karl Barth refere a Jesus Cristo.
É preciso perguntar-se a que responde esse sentimento tão profundo que se detecta nos povos, na gente, para com Maria, e não só em épocas passadas, mas também atualmente. Que motivos existem para que milhares e milhares de pessoas acorram a seus santuários, reúnam-se neles para orar, escutar a Palavra, encontrar-se com Jesus eucarístico, experimentar o consolo e ternura de Deus através dela?
José Cristo Rey Garcia Paredes

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Vasco Arruda

A Bíblia é indispensável no discipulado pessoal de cada membro da igreja e no ministério de pregação do pastor. A fim de exercerem seu papel, contudo, as Escrituras precisam ser compreendidas, daí a importância do Comentário bíblico africano. Nos últimos tempos, a igreja na África tem testemunhado o avanço de estudos bíblicos sérios no âmbito acadêmico. Trata-se de um ressurgimento auspicioso no continente que no passado nos deu intérpretes como Agostinho e Atanásio. O Comentário bíblico africano é um marco editorial e desejo parabenizar os colaboradores e editores pela elaboração de um comentário fundamentado nas Escrituras, que as interpreta do ponto de vista africano e aborda questões controversas de modo equilibrado. Tenho a intenção de usá-lo para obter maior entendimento da Palavra de Deus sob a ótica africana. Aliás, espero que conquiste leitores do mundo inteiro para que possamos compreender melhor as dimensões plenas do amor de Cristo (Ef 3:18).
Dr. John Stott
[Prefácio, p. vii. Em: Adeyemo, Tokunboh (editor geral). Comentário bíblico africano. São Paulo: Mundo Cristão, 2010.]

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Vasco Arruda

Receio que nada se pode fazer com essas pessoas. A Igreja está aí e é válida para os que estão nela. Os que estão fora das paredes da Igreja não podem ser trazidos de volta por meios comuns. Mas gostaria que o clero entendesse a linguagem da alma e que o clérigo fosse um diretor de consciência. Por que seria eu um diretor de consciência? Eu sou médico e não tenho preparo para isso. Trata-se de uma vocação natural do clérigo; ele deveria fazê-lo. Por isso gostaria que surgisse uma nova geração de pessoas do clero que fizessem o mesmo que se faz na Igreja Católica: tentar traduzir a linguagem do inconsciente, inclusive a linguagem dos sonhos, para uma linguagem inteligível. Sei, por exemplo, que existe agora na Alemanha o Círculo de Berneuchen, um movimento litúrgico cujo representante principal é um homem com grande conhecimento dos símbolos. Ele me deu uma série de casos que pude comprovar, em que traduziu, com grande êxito, para a linguagem dogmática a linguagem dos sonhos, e estas pessoas voltaram calmamente para o ordenamento da Igreja. Alguns de nossos neuróticos não têm nenhuma desculpa e nenhum direito de ser neuróticos. Eles pertencem a uma Igreja, e se a gente conseguir que eles voltem à Igreja, nós os teremos ajudado. Muitos de nossos pacientes se tornaram católicos, outros voltaram à sua Igreja original. Mas isto deve ser algo que tenha substância e forma. Não é verdade que toda pessoa que analisamos dê forçosamente um pulo no futuro. Talvez ela seja determinada por uma Igreja e, se pude voltar à Igreja, talvez isto seja o melhor que lhe possa acontecer.
C. G. Jung
[Jung, C. G. III. A vida simbólica, p. 284. Em: Jung, C. G. A vida simbólica: escritos diversos. Tradução de Araceli Elman, Edgar Orth; revisão literária de Lúcia Mathilde Endlich Orth; revisão técnica de Jette Bonaventura. – Petrópolis, RJ: Vozes, 1997. – (Obras completas de C. G. Jung; v. 18/1)]

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Vasco Arruda

Contemplando-o (ao Salvador), sempre de novo, pela meditação assídua, tua alma há de por fim encher-se dele e tu conformarás a tua vida interior e exterior com a sua. Ele é a luz do mundo; é nele, por ele e para ele que devemos ser iluminados. Ele é a árvore misteriosa do desejo de que fala a Esposa dos Cantares… Ele é a cisterna de Jacó, essa nascente de água viva e pura; a ela cumpre chegarmo-nos muitas vezes, para lavar nossa alma de suas manchas. Os meninos, como é sabido, ouvem continuamente as suas mães falarem e, esforçando-se por balbuciar com elas, aprendem a falar a mesma língua; deste modo nós, unindo-nos com nosso Senhor, pela meditação, e notando as suas palavras e ações, os seus sentimentos e inclinações, aprenderemos, por fim, com a sua graça, a falar como ele, a agir como ele, a julgar como ele e amar como ele. A ele é preciso prendermo-nos, Filoteia, e crê-me que não podemos ir a Deus, Pai, senão por esta porta que é Jesus Cristo, como ele mesmo nos disse. Realmente é necessário agarrar-se a isso, Filoteia, porque não é possível caminhar em direção a Deus Pai de outro modo.
São Francisco de Sales
[São Francisco de Sales. Introdução à vida devota, II,1. Petrópolis: Vozes, 1958, p. 82. Citado em: Sgarbossa, Mario. Os santos e os beatos da Igreja do Ocidente e do Oriente: com uma antologia de escritos espirituais. Tradução Armando Braio Ara. – São Paulo: Paulinas, 2003,p. 55.]

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Vasco Arruda

Em Maria refulge a condição do perfeito discípulo de Cristo. As categorias que ilustram a relação Maria-Igreja podem ser sintetizadas na comunhão e na exemplaridade: com e como Maria a Igreja crê, espera, ama, celebra, vive o mistério de Cristo, rumo à plena participação ao Reino dos céus.
Corrado Maggioni
[Maggioni, Corrado. Verbete: Maria, p. 1031. Em: Sodi, Manlio e Triacca, Achille M. (orgs.) com a colaboração de 195 peritos. Dicionário de Homilética. Apresentação de S. Emª. o Cardeal Silvano Piovanelli, Arcebispo de Florença; prefácio de Sergio Zavoli, Jornalista e escritor; tradução Orlando Soares Moreira e Silvana Cobucci Leite. São Paulo: Paulus: Loyola, 2010.]

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Vasco Arruda

Foi no início da segunda metade de minha vida que comecei o meu confronto com o inconsciente. Foi um trabalho que se estendeu por longos anos e só depois de mais ou menos vinte anos cheguei a compreender em linhas gerais os conteúdos de minhas fantasias.
C. G. Jung
[Jung, C. G. Memórias, sonhos e reflexões. Reunidas e editadas por Aniela Jaffé. Tradução de Dora Ferreira da Silva. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, s/d, p. 177.]

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Vasco Arruda

Jesus foi um homem de uma extraordinária humanidade e acolhimento. Acolheu os pecadores para os converter, os doentes para os curar, os aflitos para os consolar, os endemoniados para os libertar, as crianças para as louvar, as mulheres para as honrar, os estrangeiros para os ajudar, as prostitutas para as salvar, os discípulos para os instruir, os inimigos para os perdoar. A todos considerou filhos de Deus e seus irmãos. O último ato de sua vida terrena foi o acolhimento em seu reino de um ladrão, seu companheiro de suplício: “Hoje, estarás comigo no paraíso” (Lc 23,43).
Angelo Amato
[Amato, Angelo. Verbete: Jesus Cristo. Em: Sodi, Manlio e Triacca, Achille M. (orgs.) com a colaboração de 195 peritos. Dicionário de Homilética. Apresentação de S. Emª. o Cardeal Silvano Piovanelli, Arcebispo de Florença; prefácio de Sergio Zavoli, Jornalista e escritor; tradução Orlando Soares Moreira e Silvana Cobucci Leite. São Paulo: Paulus: Loyola, 2010, p. 844.]

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Vasco Arruda

Não devemos considerar a alma algo isolado e limitado, mas um mundo interior onde cabem tantas e tão lindas moradas quanto as que tendes visto. E é certo que assim seja, pois dentro dessa alma há uma morada para o próprio Deus.
Santa Teresa d´Ávila
[Castelo Interior, Sétimas Moradas – Capítulo 1, p. 567. Em: Teresa de Jesus. Obras Completas. Texto estabelecido por Fr. Tomas Alvarez, O.C.D. Direção Pe. Gabriel C. Galache, SJ. Tradução de Adail Ubirajara Sobral e outros. – São Paulo: Edições Carmelitanas: Edições Loyola, 1995]