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Vasco Arruda

677 Articles

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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Vasco Arruda

Sendo o orixá Iemanjá considerado arquétipo na etnia iorubá, tendo em sua origem a função de Mãe das águas doces, dado o seu povo viver às margens do rio Obá, com o transporte dos negros para o Brasil, em maior número para a Bahia, passaram a viver na orla marítima, tornando-se, mais tarde, pescadores. O mar passou a ser para eles a grande Mãe e a figura de Iemanjá, e, em homenagem a esta, o bonito ritual marítimo das procissões com embarcações ornamentadas, as flores lançadas ao mar, a entrada nas águas, os votos etc. Ao mesmo tempo, presidindo a frota engalanada, o barco-chefe, enfeitadíssimo, conduzindo o andor com a imagem de Nossa Senhora da Conceição, aclamada com cânticos da Igreja, aplausos e fogos. Esse comportamento popularmente espontâneo é o que leva muitos antropólogos e estudiosos a tecerem infinitas explicações, os escritores a exporem seus conceitos e a imaginação popular a criar lendárias fantasias e saborosas interpretações.
Elias Leite
[Leite, Elias. Maria e Iemanjá no sincretismo afro-brasiuleiro (simbiose e arquétipo). São Paulo: Editora Ave-Maria, 2003, p. 35.]

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Vasco Arruda

Sim, senhor Cônego, auguro-lhe uma feliz quaresma, da mesma maneira que o senhor a deseja a mim. Existe tanta coisa a expiar, há tantas coisas a pedir. E creio que, para atender a todas essas necessidades, precisamos transformar-nos numa oração contínua e amar intensamente.
Elisabete da Trindade
[Trindade, Elisabete da, Irmã. Carmelita Descalça: obras completas. Tradução autêntica dos originais por Attilio Cancian. – Petrópolis, RJ: Vozes, 1993, Carta ao Sr. Cônego Angles, p. 203.]

Vasco Arruda

– Ora, diga-me; não crê agora que haja uma Providência?
– Sempre acreditei.
– Não minta; se acreditasse não teria recorrido ao suicídio.
– Tem razão, coronel; dir-lhe-ei até: eu era um pouco de lodo, hoje sinto-me pérola.
– Comprendeu-me bem; eu não queria aludir à fortuna que veio encontrar aqui, mas a essa reforma de si mesmo, a essa renovação moral, que obteve com este ar e na contemplação daquela formosa Celestina.
Machado de Assis
[Assis, Machado de. Obra completa em quatro volumes: volume 2. Organização Aluizio Leite Neto, Ana Lima Cecilio, Heloisa Jahn. – 2ª. ed. – Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008. v. – (Biblioteca luso-brasileira. Série brasileira. O anjo Rafael. p. 941ss.]

Vasco Arruda

Temos o Espírito. Quem se houver encontrado com a existencialidade do Espírito encontrou a sua própria existencialidade em Deus. Não podemos, nem quremos negar ou esconder e obscurecer que ouvimos o som dos céus “qual vento impetuoso”ou negar que vimos a Nova Jerusalém, que tomamos a eterna decisão e que estamos “em Cristo Jesus”.
Porém, o que significa “ouvir”, “ver”, “estar?”
Se começarmos a acentuar as nossas vantagens e os nossos méritos raciocinando e discorrendo em termos de “nós”mesmos, ou daquilo que “temos” ou “possuímos”, então ingressamos e nos assentamnos nos arraiais da religião. Nem podemos pretender estar falando do Espírito quando o colocamos em conotação ou o relacionamos com as nossas próprias pessoas ou quando o temos em nossa vida. Contudo, precisamos contar que o temos e é certo que se não anunciamos que o recebemos, todavia pensamos e, se não pensamos, pelo menos sentimos pois, de fato, RECEBEMOS O ESPÍRITO!
Karl Barth
[Barth, Karl. Carta aos Romanos. De Karl Barth por Koller Anders, segundo a quinta edição alemã (impressão de 1967). Tradução Lindolfo Anders; revisão Anisio Justino. São Paulo: Fonte Editorial Ltda., 2005, p. 429.]

Vasco Arruda

A Universidade Sem Fronteiras está com inscrições abertas para o curso livre “Freud, Jung e a Religião”, que será ministrado pelo prof. Carlo Tursi.
O curso abordará as respectivas compreensões do fenômeno religioso dos seguintes mestres da Psicanálise:
Sigmund Freud
Carl Gustav Jung
Alfred Adler
Viktor Frankl
Erich Fromm
É uma ótima oportunidade para quem quer se iniciar numa abordagem do fenômeno religioso sob a perspectiva da psicologia e da psicanálise. Além do atrativo da temática que será abordada, vale mencionar também as peculiaridades comuns aos cursos ministrados pelo prof. Carlo Tursi, detentor de uma metodologia muito particular, caracterizada especialmente pelo entusiasmo e diversidade de informações comuns às suas aulas. Vale a pena conferir!

Seguem, abaixo, informações sobre o curso.
Período: março a junho/2011
Início: Dia 14 de março (segunda-feira)
Horário: 19:00 h
Local: Universidade Sem Fronteiras
Inscrições: 3224.0909

Vasco Arruda

O lugar a ser encontrado está dentro de você mesmo. Aprendi um pouco, a respeito, no atletismo. O atleta que está em excelente forma tem um ponto de quietude dentro de si mesmo, e é ao redor disso, de um modo ou de outro, que sua ação se exerce. Se estiver todo projetado lá fora, no campo ou na pista, ele não conseguirá um desempenho adequado. Minha esposa é bailarina e diz que isso é verdade na dança, também. Existe um centro de quietude, interior, que deve ser conhecido e preservado. Quando você perde esse centro, entra em tensão e começa a cair aos pedaços.
Joseph Campbell
[Campbell, Joseph com Moyers, Bill; org. por Betty Sue Flowers. O poder do mito. Tradução de Carlos Felipe Moisés. – São Paulo: Palas Athena, 1990, p. 171.]

Vasco Arruda

Muitos buscam nas palavras religiosas, bíblicas ou não, o seu norte. Outros preferem provar que a psicanálise é uma ciência e assim sentir-se seguros com ela. Talvez todos possam sentir-se com a verdade, cada um de sua forma, cada um com sua ilusão, como escreveu Calderon de La Barca: a vida é um sonho.
Abrão Slavutzky
[Slavutzky, Abrão. A ilusão tem futuro. Em: Wondracek, Karin Heller Kepler (organizadora). O futuro e a ilusão: um embate com Freud sobre psicanálise e religião. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2003, Cap. 5, p. 118.]

Vasco Arruda

Somente foi dado compreender àquele que pôde experimentar. Na verdade, ainda que em certo sentido as experimentássemos entre nós, de maneira alguma nossas palavras, maculadas pelas coisas cotidianas e sem valor, estariam em condições de exprimir tantas maravilhas. E talvez o mistério teve que se manifestar na carne, porque não teria podido ser explicado em palavras (cf. Ecl 1,8). – Fale, portanto, o silêncio onde falta a palavra (cf. Sir 43,29), porque também uma coisa significada clama onde falta o sinal. (…) Será veraz e digno de fé quem tiver por testemunhas a natureza, a lei e a graça (cf. Jo 1,17).
Frei Tomás de Celano
[Fontes Franciscanas e Clarianas. Apresentação Sergio M. Dal Moro; tradução Celso Márcio Teixeira… [et. al.]. 2ª. ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2008. Frei Tomás de Celano, Segunda Vida de São Francisco , Cap. CLIV: A devoção à cruz; e um segredo oculto, p. 427.]

Vasco Arruda

A minha piedade vai toda para aquele que desperta no meio da grande noite patriarcal, convencido de que ainda tem por cima as estrelas de Deus, e de repente se sente em viagem. Proíbo terminantemente que o interroguem, porque sei muito bem que não há resposta que mitigue a sede. Aquele que interroga, o que em primeiro lugar procura é o abismo.
Antoine de Saint-Exupéry
[Saint-Exupéry, Antoine de. Cidadela. Tradução de Ruy Bello. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982, p. 15.]