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Vasco Arruda

677 Articles

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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Vasco Arruda

Ela emergiu do mundo dos judeus da Europa Oriental, um mundo de homens santos e milagres que já havia experimentado seus primeiros anúncios de danação. Trouxe a ardente vocação religiosa daquela sociedade agonizante para um novo mundo, um mundo em que Deus estava morto. Como Kafka, ela se desesperou; mas, à diferença de Kafka, acabou, de modo atormentado, bracejando em busca do Deus que a abandonara. Narrou sua busca em termos que, como os de Kafka, apontavam necessariamente para o mundo que ela deixara para trás, descrevendo a alma de uma mística judaica que sabe que Deus está morto, mas que, no tipo de paradoxo que perpassa toda a sua obra, está determinada a encontrá-Lo mesmo assim.
A alma exposta em sua obra é a alma de uma mulher só, mas dentro dela encontramos toda a gama da experiência humana. Eis por que Clarice Lispector já foi descrita como quase tudo: nativa e estrangeira, judia e cristã, bruxa e santa, homem e lésbica, criança e adulta, animal e pessoa, mulher e dona de casa. Por ter descrito tanto de sua experiência íntima, ela podia ser convincentemente tudo para todo mundo, venerada por aqueles que encontravam em seu gênio expressivo um espelho da própria alma. Como ela disse, “eu sou vós mesmos”.
Benjamin Moser
[Moser, Benjamin. Clarice, uma biografia. Tradução de José Geraldo Couto. São Paulo: Cosac Naify, 2009, p. 16.]

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Vasco Arruda

Segundo o professor J. Herculano Pires, a doutrina espírita é uma realidade histórica, um corpo doutrinário existente em livros. Então, em primeiro lugar, diremos ao leitor que o espiritismo é a doutrina codificada por Allan Kardec. Além de afirmar, porém, que o espiritismo é uma realidade histórica, uma doutrina existente em livros, Herculano assegurou que ela precisa ser estudada. Em segundo lugar, portanto, afirmaremos ao leitor que o espiritismo é doutrina filosófica de bases científicas e consequências morais religiosas.
Sergio Aleixo
[Aleixo, Sergio. O que é Espiritismo. Rio de Janeiro: Record: Nova Era, 2003, p. 23.]

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Vasco Arruda

A rabeca encantada de Violina. Pois. Gostei logo, encanto ligeiro, do nome Violina. Para mim, menino de qualquer tempo e lugar, ouvi música que faz mexer, invencionices e fantasiações. Uma menina com nome Violina e que toca uma rabeca encantada? Corri para ler. Curiosidade de quem quer imaginar. E fui encantado pela história de quem tocando rabeca, faz a vida mudar de cor e até galinha voltar a botar ovo… Não vou contar o resto da brincadeira da estreante Adriana Alcântara. Quem quiser ser de bem, trocar uma tristeza por uma alegria, corra e se encante.
Demitri Túlio
[Apresentação do livro “A rabeca encantada de Violina”, de Adriana Alcântara. Fortaleza: Edição do Autor, 2010.]

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Vasco Arruda

Através do Pai-Nosso, a perspectiva se dirige para o próprio Jesus, para a sua mensagem e sua pessoa. Das sete petições pode-se deduzir como Jesus experimentou Deus e como ele entendeu a sua missão.
Jesus não aparece explicitamente no Pai-Nosso. Não há nenhuma palavra sobre ele próprio, sobre a sua honra e a sua atuação, também não aparece nenhuma palavra sobre a Igreja. O Pai-Nosso é totalmente teocêntrico. Nele se fala somente de Deus dentro do triângulo: Deus – mundo – ser humano. Com isso, aponta-se para os tempos iniciais do cristianismo, para os inícios jesuânicos.
Mas justamente pelo fato de o Pai-Nosso falar de modo concentrado sobre Deus é que Jesus está presente nele de forma abscôndita. Pois justamente a concentração em Deus corresponde à essência básica da sua existência e constitui a força motora de sua proclamação. Jesus não pregou a si mesmo. Ele não está interessado na sua autorrealização, mas na realidade e na realização de Deus. Sua profissão é falar de Deus no mundo e suscitar fé nas pessoas é o seu objetivo. Nele próprio se manifesta o que significa ter fé em Deus. Ele interpretou a sua relação pessoal com Deus nas suas pregações e nas suas ações. O Pai-Nosso contém a quintessência de sua experiência de Deus. Por isso, este é o credo próprio de Jesus.
Heinz Zahrnt
[Zahrnt, Heinz. Viver como se Deus existisse. Tradução de Haroldo Reimer e Ivoni Richter Reimer. – Petrópolis, RJ: Vozes, 1996, p. 162.]

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Vasco Arruda

O dogma sobre a assunção foi particularmente objeto de uma séria preparação para uma consulta da Igreja universal, que chegou ao reconhecimento da evidência da fé, ao povo cristão. O que pode parecer mais audacioso, na promulgação que Pio XII fez sobre a assunção, a 1º de novembro de 1950, é a ausência de todo fundamento escriturístico “direto”. Os teólogos protestantes reagiram assaz vivamente diante dessa situação, agravando o clima de desconfiança com relação às antigas noções de deusa guia.
Jean-Claude Michel
[Michel, Jean-Claude. Assunção de Maria, um êxtase de amor. Tradução de José Joaquim Sobral. – São Paulo: Editora Ave-Maria, 2005, p. 7. – (Série Virgem Maria; 4)]

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Vasco Arruda

Tupã Tenondé apresenta-se como colibri, a grande expressão do sagrado para o povo Guarani, pois é uma das suas primeiras formas de manifestação – o que vê a totalidade a partir dos mundos sutis do espírito. Ainda hoje é sob essa forma ágil que se apresenta um mensageiro divino – aquele que vem da morada de Tupã – quando quer transmitir uma orientação espiritual importante, ou um sinal de proteção, de presença, de indício de caminho correto.
Kaka Werá Jecupé
[Kaka Werá Jecupé. Tupã Tenondé: A criação do Universo, da Terra e do Homem segundo a tradição oral Guarani. São Paulo: Peirópolis, 2001, p. 35.]

Vasco Arruda

Com efeito, assim diz o Senhor Iahweh, o Santo de Israel: Na conversão e na calma estava a vossa salvação, na tranquilidade e na confiança estava a vossa força. À voz do teu clamor, ele fará sentir a sua graça; ao ouvi-lo, ele te responderá. Aquele que te instrui não tornará a esconder-se, sim, os teus olhos verão aquele que te instrui. Teus ouvidos ouvirão uma palavra atrás de ti: “Este é o caminho, segui-o, quer andeis à direita quer à esquerda”.

Is 30,15a;19b;20b-21