Jamais Jesus explicou realmente quem era ele. Deixou os Judeus, as massas e os próprios discípulos na dúvida. Os demônios denunciavam-no. Mandava os demônios se calarem (Mc 1,25). As multidões o aclamavam como Messias, e ele fugia para longe delas. João Batista ficou perplexo e mandou perguntar-lhe por intermédio dos seus discípulos: “És tu aquele que há de vir ou devemos esperar outro?” E Jesus respondeu: “Voltem e contem a João o que vocês estão ouvindo e vendo: os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres é anunciada a Boa Notícia (Mt 11,3b-5). Porém, não diz quem ele é.
José Comblin
[Comblin, José. Jesus de Nazaré. São Paulo: Paulus, 2010, p. 16. (Coleção Espiritualidade bíblica)]
12. E vós, quem dizeis que eu sou?
Jesus Cristo, homem e Deus num só? Quem desde criança responde a essa pergunta com um “Claro que sim!”, tal como não vê problema algum em chamar a mãe de Jesus de Mãe de Deus, estranhará e até se irritará ao ver essa fórmula do Credo com um ponto de interrogação. Quer dizer que Jesus já não é realmente Deus para os crentes da modernidade? Se é assim, não merecem o nome de crentes! Esta confissão de fé é a pedra angular de nossa doutrina da fé! O Concílio de Calcedônia, em 451, definiu solenemente que na única pessoa de Jesus de Nazaré há duas naturezas unidas: uma divina e outra humana, sem mescla nem separação entre ambas. Desde então, considera-se esta confissão como a prova decisiva de pertença à grande comunidade cristã. Pode um cristão deixar de lado essa confissão e continuar sentindo-se honradamente um membro autêntico dessa comunidade? Por mais estranho que pareça, a resposta é afirmativa: sim, pois uma coisa não contradiz a outra. Mas isso só poderá ser entendido e afirmado se se aceitar examinar sem preconceitos a origem, o desenvolvimento e o alcance dessa fórmula de fé.
Roger Lenares
[Lenares, Roger. Outro cristianismo é possível: a fé em linguagem moderna. Tradução Maria Paula Rodrigues. – São Paulo: Paulus, 2010, p. 101. (Coleção tempo axial).]
Jesus morre, morre, e já o vai deixando a vida, quando de súbito o céu por cima da sua cabeça se abre de par em par e Deus aparece, vestido como estivera na barca, e a sua voz ressoa por toda a terra, dizendo, Tu és o meu Filho muito amado, em ti pus toda a minha complacência. Então Jesus compreendeu que viera trazido ao engano como se leva o cordeiro ao sacrifício, que a sua vida fora traçada para morrer assim desde o princípio dos princípios, e, subindo-lhe à lembrança o rio de sangue e de sofrimento que do seu lado irá nascer e alagar toda a terra, clamou para o céu aberto onde Deus sorria, Homens, perdoai-lhe, porque ele não sabe o que fez. Depois, foi morrendo no meio de um sonho, estava em Nazaré e ouvia o pai dizer-lhe, encolhendo os ombros e sorrindo também, Nem eu posso fazer-te todas as perguntas, nem tu podes dar-me todas as respostas.
José Saramago
[Saramago, José. O Evangelho segundo Jesus Cristo. São Paulo: Companhia das Letras, 1991, p. 444.]
A primeira grande pergunta filosófica é: o que é? A segunda, que segue naturalmente a primeira, é: como sabemos o que é? A primeira pergunta refere-se ao ser; a segunda, à verdade. A verdade diz respeito ao ser, pois “verdade” quer dizer “a verdade do ser”. “A laranja é redonda” é verdade apenas porque a laranja é redonda. A resposta de Jesus para a primeira pergunta, a respeito do ser, foi Ele mesmo. A resposta não era apontar para algo, mas ser, “Eu sou”. Por isso, a resposta Dele para a segunda pergunta, a respeito da verdade, também não aponta para nenhuma outra coisa como a verdade, mas simplesmente para o fato de Ele mesmo ser a verdade: “Eu sou […] a verdade” (João 14:6).
Peter Kreeft
[Kreeft, Peter. Jesus: o maior filósofo que já existiu. Tradução Lena Aranha. – Rio de Janeiro: Ediouro, s/d. (Pocket Ouro), p. 55.]
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