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03. Freudianamente falando

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Vasco Arruda

Cabe perguntar apenas se o exercício da psicanálise não pressupõe um treino médico, que o educador e o pastor necessariamente não têm, ou se outros fatores não contrariam a intenção de pôr a técnica psicanalítica em outras mãos que não as dos médicos. Confesso que não vejo tais obstáculos. O exercício da psicanálise requer muito mais preparação psicológica e livre discernimento humano do que instrução médica. A maioria dos médicos não se acha equipada para o exercício da psicanálise, e fracassou inteiramente ao avaliar esse método terapêutico. O educador e o pastor são obrigados, pelas exigências de suas profissões, a ter os mesmos cuidados, considerações e discrições que o médico está habituado a manter, e o fato de normalmente lidarem com jovens talvez os torne mais aptos a compreender sua vida psíquica. Em ambos os casos, porém, a garantia de uma aplicação inofensiva do método analítico só pode ser dada pela personalidade daquele que analisa.
[Freud, Sigmund. Prefácio a “O método psicanalítico”, de Oskar Pfister. In: Freud, Sigmund. Observações psicanalíticas sobre um caso de paranoia relatado em autobiografia: (“O caso Schreber”): artigos sobre técnica e outros textos (1911-1913); tradução e notas Paulo César de Souza. – São Paulo: Companhia das letras, 2010, p. 342.]

Vasco Arruda

A psicanálise é uma disciplina singular, em que se combinam um novo tipo de pesquisa das neuroses e um método de tratamento com base nos resultados daquele. Desde já enfatizo que ela não é fruto da especulação, mas da experiência, e, portanto, é inacabada enquanto teoria. Mediante suas próprias inquirições, cada qual pode se persuadir da correção ou incorreção das teses nela presentes, e contribuir para seu desenvolvimento.
Sigmund Freud
[Freud, Sigmund. Princípios básicos da psicanálise. In: Freud, Sigmund. Observações psicanalíticas sobre um caso de paranoia relatado em autobiografia: (“O caso Schreber”): artigos sobre técnica e outros textos (1911-1913; tradução e notas Paulo César de Souza. – São Paulo: Companhia das letras, 2010, p. 269.]