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15. Caminhos do Sagrado

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Vasco Arruda

Em 1676, Nosso Senhor se manifestou à irmã Margarida Maria Alacoque e, mostrando com a mão o seu coração, diz: “Eis o coração que tanto amou os homens, nada poupando até exaurir-se e consumir-se para lhes testemunhar seu amor. E em reconhecimento, não recebo da maior parte deles senão ingratidões, com o desprezo, com as indiferenças, com os sacrilégios e a frieza que têm para comigo neste sacramento de amor; mas o que mais me faz sofrer ainda é que são corações a mim consagrados aqueles que me tratam assim. Eis por que te peço que na primeira sexta-feira depois da oitava do Corpus Domini seja dedicada uma festa particular para honrar o meu coração, fazendo-lhe gloriosa reparação e comungando naquele dia para ressarcir então as indignidades recebidas durante o tempo em que esteve exposto nos altares. Eu te prometo que o meu coração se dilatará, para efundir com abundância os efeitos de seu amor divino sobre aqueles que lhe renderem esta honra e procurarem que lhe seja rendida”
Santa Margarida Maria Alacoque, Diário
[Citado em: Sgarbossa, Mario. Os santos e os beatos da Igreja do Ocidente e do Oriente: com uma antologia de escritos espirituais. Tradução Armando Braio Ara. – São Paulo: Paulinas, 2003, p. 585]

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Vasco Arruda

Rafael é um dos poucos anjos mencionados pelo nome na Bíblia. O nome Rafael, que significa “Deus curou” ou “o que brilha e cura”, é de origem caldeia. Ele era originalmente chamado Labiel; o termo hebraico rapha significa “curador”, “doutor” ou “cirurgião”. Ele é o governante dos anjos da cura. Geralmente é associado à imagem de uma serpente.
James R. Lewis e Evelyn Dorothy Oliver
[Lewis, James R. e Oliver, Evelyn Dorothy. Enciclopédia dos Anjos. Tradução Daniel Vieira. – São Paulo: MAKRON Books do Brasil Editora Ltda., 1999, p. 314]

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Vasco Arruda

Alguém disse: “Mawlana não fala”. Eu disse: “Foi minha imaginação que atraiu essa pessoa; minha imaginação não lhe diz: “Como vais?” ou “Como estás?” Ela a atraiu sem palavras. Se é dessa maneira que minha realidade atrai e conduz a outro lugar, o que há de espantoso nisso? A palavra é a sombra da realidade e seu complemento. Se a sombra atrai, a realidade atrai mais ainda. A palavra é um pretexto: o que faz uma pessoa ser atraída por outra é a afinidade que as une, não a palavra. Assistir a milhares de milagres e prodígios sem desfrutar dessa parte de profecia e santidade, de nada serve. É essa correlação que produz a febre e a inquietação. Se na palha não houvesse um pouco de âmbar, ela jamais se sentiria atraída pelo âmbar; ambos têm uma homogeneidade invisível e oculta.
Mawlana Rumi
[Jálál al-Din Rumi, Mawláná. Fihi ma fihi: o livro do interior. Tradução Margarita Garcia Lamelo. – Rio de Janeiro: Edições Dervish, 1993, p. 29]

Vasco Arruda

Gente,
a demissão recente do professor Luís Eduardo Torres Bedoya (o “Lucho”), mestre em Bíblia, pela atual diretoria da Faculdade Católica de Fortaleza me chocou profundamente. Que empobrecimento para a exegese, para a hermenêutica, para uma compreensão libertária das sagradas Escrituras! Onde vai parar este expurgo???
Sinto que não posso me omitir. Eis no anexo o que me veio à mente…
Peço que divulguem ao máximo (só se concordarem com o conteúdo, é claro), pois quem cala, consente.
Com grande pesar e muita solidariedade com o companheiro Lucho e a sua família,
Carlo Tursi

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Vasco Arruda

Peregrinação é o tipo de jornada que estabelece a diferença entre o atento e o negligente, entre o banal e o inspirado. Essa diferença pode ser sutil ou dramática; por definição, ela é fundamental. Significa estar alerta para a ocasião, em que tudo o que se faz necessário numa viagem a um lugar remoto é tão-somente deixar-se perder a si próprio, e estar atento à ocasião, em que tudo o que é preciso é uma jornada a um lugar sagrado, com todos os seus aspectos gloriosos e temíveis para o encontro consigo mesmo. Desde o mais remoto peregrino humano, a pergunta mais desafiadora tem sido: como viajar de modo mais sábio, mais frutífero e mais nobre? Como podemos mobilizar a imaginação e animar nosso coração de forma que possamos, em nossas jornadas especiais, “ver em toda a parte do mundo a inevitável expressão do conceito de infinito”, nas palavras de Louis Pasteur; ou perceber, com Thoreau, “a divina energia em toda a parte?” Ou lembrando, como Evan Connell, de advertir os viajantes medievais: “Passe ao largo daquilo que não ama”.
Phil Cosineau
[Cousineau, Phil. A arte da peregrinação: para o viajante em busca do que lhe é sagrado. Tradução de Luiz Carlos Lisboa. São Paulo: Ágora, 1999, p. 23]

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Vasco Arruda

A oração fervorosa do justo tem grande poder. Assim, Elias que era homem semelhante a nós, orou com insistência para que não chovesse, e não houve chuva na terra durante três anos e seis meses. Em seguida, tornou a orar e o céu deu sua chuva e a terra voltou a produzir seu fruto.
Epístola de São Tiago 5, 16b-18
[Bíblia de Jerusalém. Gorgulho, Gilberto da Silva; Storniolo, Ivo; Anderson, Ana Flora (Coord.). Tradução do texto em língua portuguesa diretamente dos originais. 4ª reimpressão. São Paulo: Paulus, 2006, p. 2112]

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Vasco Arruda

Se alguém dentre vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a concede generosamente a todos, sem recriminações, e ela ser-lhe-á dada, contanto que peça com fé, sem duvidar, porque aquele que duvida é semelhante às ondas do mar, impelidas e agitadas pelo vento. Não pense tal pessoa que receberá alguma coisa do Senhor, dúbio e inconstante como é em tudo o que faz.
Epístola de São Tiago, 1,5-8
[Bíblia de Jerusalém. Gorgulho, Gilberto da Silva; Storniolo, Ivo; Anderson, Ana Flora (Coord.). Tradução do texto em língua portuguesa diretamente dos originais. 4ª reimpressão. São Paulo: Paulus, 2006, p. 2107.]

Vasco Arruda

Nietzsche, é verdade, proclamou a morte dos Deuses, esperando que Foucault proclamasse a morte do homem (o que é lógico, já que o homem só se constitui como homem através de sua relação com os Deuses). Também é verdade que o cristianismo e, em certa medida, o Islã entraram em crise. É verdade, enfim, que os sociólogos não cansam de nos repisar, de umas décadas para cá, o seu processo de “secularização” (sem perceber, aliás, que estavam assim apenas retomando Hubert Spencer e os seus processos de diferenciação social: o religioso tende a se purificar de toda contaminação com aquilo que não é ele próprio).
Mas será que a morte dos Deuses instituídos acarretaria o desaparecimento da experiência instituinte do Sagrado em busca de novas formas nas quais se encarnar? Será que a crise das organizações religiosas não adviria de uma não-adequação, cruelmente vivenciada, entre as exigências da experiência religiosa pessoal e os quadros institucionais nos quais quiseram moldá-la – com vistas, muitas vezes, a retirar-lhe o seu poder explosivo, considerado perigoso para a ordem social? Finalmente, será que não estaríamos hoje assistindo entre os jovens a uma nova busca apaixonada pelo sagrado, como se os nossos contemporâneos, depois de um razoavelmente longo período de desenvolvimento do ateísmo, ou apenas de uma entrega à indiferença, estivessem outra vez se dando conta da existência, dentro de si, de um vazio espiritual a ser preenchido e constatassem, a partir dessa sensação de vazio, que uma personalidade que não se enraíza numa espécie de entusiasmo sagrado não passa, afinal, de uma personalidade castrada daquilo que constitui uma dimensão antropológica universal e constante para todo homem que vivencie a dimensão religosa?
Roger Bastide
[Bastide, Roger. O sagrado selvagem. Em: O sagrado selvagem e outros ensaios. Tradução Dorothée de Bruchard; revisão técnica Reginaldo Prandi. – São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p. 250.]