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27. Pelas colinas da Úmbria

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Vasco Arruda

Sentindo Francisco, o servo de Cristo, que de corpo estava distante do Senhor (cf. 2Cor 5,6), como já se tornara exteriormente todo insensível aos desejos terrenos pela caridade de Cristo (cf. 2Cor 5,14), para não ficar sem a consolação do Amado, rezando sem interrupção (cf. 1Ts 5,17), empenhava-se por manter o espírito na presença de Deus. Na verdade, a oração era um conforto para aquele que contemplava, enquanto – tendo-se tornado já concidadão dos anjos no circuito das mansões do alto – com fervoroso desejo procurava o Amado (Ct 3,1-2), de quem apenas a parede da carne o separava. {A oração] era também uma proteção para aquele que agia, enquanto em tudo o que fazia – desconfiando de sua própria capacidade e confiando na piedade do alto – pela perseverança nela lançava todo seu pensamento (cf. Sl 54,23) no Senhor. – Asseverava com firmeza que a graça da oração deve ser desejada pelo homem religioso acima de todas as coisas e, crendo que ninguém sem ela prospera no serviço de Deus, com todos os modos possíveis, estimulava seus irmãos ao empenho dela. Pois, andando e sentando-se, dentro e fora [de casa], trabalhando e descansando, estava voltado para a oração, de modo que parecia ter-lhe dedicado não só o que nele havia de coração e de corpo, mas também de ação e de tempo.
São Boaventura
[São Boaventura. Legenda maior de São Francisco. Fontes Franciscanas e Clarianas. Apresentação Sergio M. Dal Moro; tradução Celso Márcio Teixeira… [et. al.]. 2ª. ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2008,p. 615.]

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Vasco Arruda

Como imaginá-lo? Como um autêntico mestre espiritual, um guru, um bom velhinho, baixinho e atarracado, robusto e bonachão, aos pés do qual todos gostam de sentar para ouvir-lhe as palavras, desfazer as dúvidas e aprender a viver. Mas, como qualquer outra pessoa, nosso bom velhinho chegou ao fim de sua peregrinação terrestre. Foi na noite de 22 para 23 de abril que ele passou desta vida para a paz do Senhor: exatamente 53 anos depois de ter deixado os campos, os bois, o arado, para imitar São Francisco no seguimento de Jesus Cristo.
Frei Ary E. Pintarelli, OFM
[Introdução a: Pintarelli, Ary E. Sabedoria de um simples: Os ditos do Beato Frei Egídio de Assis. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997, p. 24]

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Vasco Arruda

Os fariseus de todos os tempos desfiguram seu rosto para que ninguém possa ignorar suas devoções. Francisco não só não podia suportar tais fingimentos da falsa piedade, mas colocava a alegria e o júbilo entre os deveres religiosos. Como ser triste quando se tem no coração um tesouro inexaurível de vida e de verdade, que só tende a crescer na medida em que é alcançado? Como ser triste quando, apesar das quedas, não se cessa de crescer? Há para a alma piedosa que cresce e se desenvolve uma alegria semelhante à da criança, tão feliz por sentir seus pobres e pequenos membros fortificarem-se permitindo-lhe, a cada dia, um esforço a mais. Além disso, a palavra alegria é talvez aquela que mais se repete na pena dos autores franciscanos (1Cel 10;22;27;31;42;80; 2Cel 125-128; Ec 5;6; JJ 21). O Mestre fez dela um dos preceitos da Regra (RnB 7; cf. 2Cel 128). Era por demais um bom general para não saber que um exército alegre é sempre um exército vitorioso. Há na história das primeiras missões franciscanas explosões de riso que soam alto e claro (cf. EC 5;6; JJ 21).
Paul Sabatier
[Sabatier, Paul. Vida de São Francisco de Assis. Tradução de Frei Orlando A. Bernardi; apresentação à edição brasileira de Frei Vitório Mazzuco. – Bragança Paulista: Editora Universitária São Francisco: Instituto Franciscano de Antropologia, 2006, p. 237.]

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E ao permanecerem ele, Frei Masseu, Frei Elias e alguns outros num lugar deserto, e estando num certo dia São Francisco no bosque para rezar, seus companheiros, que o tinham em grande reverência, temiam impedir de algum modo a oração dele, por causa das maravilhas que Deus lhe fazia nas orações.
Atos do Bem-aventurado Francisco e de seus companheiros
[Atos do Bem-aventurado Francisco e de seus companheiros, p. 1124. Em: Fontes Franciscanas e Clarianas. Apresentação Sergio M. Dal Moro; tradução Celso Márcio Teixeira… [et. al.]. 2ª. ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.]

Vasco Arruda

Abraçava a Mãe de Jesus com indizível amor, pelo fato que ela tornou irmão nosso o Senhor da Majestade (cf. Sl 28,3). Cantava-lhe louvores especiais, derramava preces, oferecia afetos tantos e tais que a língua humana não poderia exprimir. Mas o que mais nos alegra é que ele a constituiu advogada da Ordem e confiou à sua proteção os filhos que haveria de deixar para serem aquecidos e protegidos (cf. Sl 16,8) até o fim. – Ó advogada dos pobres! Cumpri para conosco o ofício de tutora até ao tempo predeterminado pelo Pai (cf. Gl 4,2)!
Frei Tomás de Celano
[Frei Tomás de Celano. Segunda vida de São Francisco. Em: Fontes Franciscanas e Clarianas. Apresentação Sergio M. Dal Moro; tradução Celso Márcio Teixeira… [et. al.]. 2ª. ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2008, p. 424.]

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Vasco Arruda

Querendo, então, o Senhor mostrar o amor que tinha para com ele, imprimiu em seus membros e em seu lado os estigmas de seu diletíssimo Filho. E porque o servo de Deus, Francisco, desejava ir à sua “casa e ao lugar de habitação de sua glória” (Sl 25,8), o Senhor o chamou a si, e assim ele migrou gloriosamente ao Senhor. Depois disso, apareceram muitos sinais e milagres no meio do povo, pelos quais os corações de muitos homens, que eram duros em crer nas coisas que o Senhor se dignara mostrar em seu servo, se transformaram em brandura, dizendo: “Nós, insensatos, julgávamos a sua vida uma loucura e sem honra a sua morte. Eis que foi contado entre os filhos de Deus, e entre os santos está a sua sorte” (Sb 5,4-5). Anônimo Perusino