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Deus

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Vasco Arruda

O discernimento espiritual é a chave de toda a oração. Assim o assinalou energicamente Inácio de Loyola; assim o destacaram depois muitos crentes. O discernimento continua sendo experiência pessoal, no sentido mais profundo deste termo: cada um deve excutar a voz de Deus e realizá-la, correspondendo a ela de maneira criativa.
Xavier Pikaza
[Pikaza, Xavier. Verbete: Oração. Em: Dicionário de Conceitos Fundamentais do Cristianismo. Dirigido por Casiano Floristán Samanes e Juan-José Tamayo-Acosta. Tradução Isabel Fontes Leal Ferreira e Ivone de Jesus Barreto. – São Paulo: Paulus, 1999, p. 545. – (Coleção dicionários).]

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Vasco Arruda

Alguém disse: “Mawlana não fala”. Eu disse: “Foi minha imaginação que atraiu essa pessoa; minha imaginação não lhe diz: “Como vais?” ou “Como estás?” Ela a atraiu sem palavras. Se é dessa maneira que minha realidade atrai e conduz a outro lugar, o que há de espantoso nisso? A palavra é a sombra da realidade e seu complemento. Se a sombra atrai, a realidade atrai mais ainda. A palavra é um pretexto: o que faz uma pessoa ser atraída por outra é a afinidade que as une, não a palavra. Assistir a milhares de milagres e prodígios sem desfrutar dessa parte de profecia e santidade, de nada serve. É essa correlação que produz a febre e a inquietação. Se na palha não houvesse um pouco de âmbar, ela jamais se sentiria atraída pelo âmbar; ambos têm uma homogeneidade invisível e oculta.
Mawlana Rumi
[Jálál al-Din Rumi, Mawláná. Fihi ma fihi: o livro do interior. Tradução Margarita Garcia Lamelo. – Rio de Janeiro: Edições Dervish, 1993, p. 29]

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Vasco Arruda

Muitas vezes refleti aqui sobre onde estariam os limites entre a necessária resistência contra o “destino” e a igualmente necessária submissão. (…) Creio que realmente devemos empreender coisas grandes e próprias, mas ao mesmo tempo fazer o que é óbvia e universalmente necessário; precisamos enfrentar o “destino” – o fato de esse conceito ser “neutro” me parece importante – com a mesma determinação com que devemos nos submeter a ele em tempo oportuno. Só de pode falar de “condução” para além desse duplo processo; Deus não vem ao nosso encontro apenas como um tu, mas também “disfarçado” de “isso”; portanto, a minha questão trata, no fundo, de como podemos achar um “tu” nesse “isso” (“destino”), ou em outras palavras – (…) – como o “destino” torna-se de fato “condução”.
Dietrich Bonhoeffer
[Bonhoeffer, Dietrich. Resistência e submissão: cartas e anotações escritas na prisão. Tradução de Nélio Schneider. São Leopoldo, RS: Sinodal, 2003, Carta para Eberhard Bethge, p. 306-307.]