Texto por João Victor Martins, Sócio-diretor da After Eventos. João Victor é graduando em Engenharia Civil pela UFC. Idealista de uma sociedade que gere valor sem sacrificar valores, fundou startups em diferentes segmentos e é forte incentivador do capitalismo consciente.

 

 

Segunda-feira, 18h, você para seu carro, no semáforo, de mais um dia de longo engarrafamento. Do seu lado direito, encontra-se um imenso outdoor do próximo evento que ocorrerá na cidade, do lado esquerdo a propaganda da marca de camisetas que está na moda, na sua frente um ônibus com a traseira inteiramente adesivada da mais nova universidade de ensino a distância. Mas, você não viu nada disso, pois seus olhos estavam concentrados em seu smartphone, na foto de uma das pessoas que você segue, em uma rede social, mostrando uma pizza que você acaba de decidir que comprará ao chegar em casa.

O mercado transitou de uma era em que o marketing buscava fornecer informação, para uma em que ele visa a capturar a atenção de seus clientes. Nunca foi tão fácil dialogar com sua lista, o problema é que agora ela está ocupada em diversas outras conversas.

Vamos definir o período antes do advento da internet, como a “era offline”. Até então, outdoors, campanhas televisivas e jornais locais eram as melhores formas de passar uma informação até o seu cliente final. Metodologia que, ainda assim, possuía uma certo nível de dificuldade e vários custos, tornando o marketing interpessoal muito forte. Um período, sem sombra de dúvidas, bem difícil visto da óptica atual. Entretanto, com o desenvolvimento da tecnologia, nascera a era digital e tudo mudou. Você, empresário, tornara-se próprio rei da comunicação e geria seu império na tela de seu celular, criando campanhas e informando ao seu público tudo que lhe era conveniente. Nada poderia parar o seu desenvolvimento, você era Michelangelo e pintava, de cima, a história de sua empresa para uma legião de religiosos da sua marca.

Contudo, houve um momento de colapso em que isso mudou, aqui nasce a era pós-digital. Que crédito tem uma pessoa falar bem de si mesma? O mesmo vale para uma marca, e os consumidores passaram a entender isso. Fadados de ler auto-promoções, seus clientes buscaram refúgio no marketing interpessoal de seus antepassados. Mas não haviam mais pracinhas para que se encontrassem ou calçadas para que dialogassem até altas horas (isso provavelmente resultaria em um assalto nos dias atuais). Sendo assim, eles procuraram indicações em suas redes de relacionamento sociais, o que acarretou no advento e no desenvolvimento de influenciadores digitais.

Transitamos de uma era em que o consumidor não conseguia receber a sua informação, para uma em que ele ficara exausto de ouvir você falar de si mesmo, até uma em que ele espera que alguém fale bem da sua marca.

Talvez, já seja a hora de você parar de pensar em que slogan chamará mais atenção em sua próxima campanha publicitária, para passar a entender que pessoas melhor representam sua empresa perante a sociedade.

Provavelmente, quando Dale Carnegie escreveu “Como fazer amigos e influenciar pessoas”, em 1936, ele não esperava que cada indivíduo possuiria o poder de influência que tem hoje, mas já entendia como seus hábitos moldam seu engajamento. Desde que desapareceu da sociedade o termo “entrar na internet” e eliminamos a dicotomia online e offline para uma realidade 100% onoff, todos somos influenciadores de forma macro ou micro e geramos impacto nos hábitos de vida e de consumo das pessoas ao nosso redor.

Depois de ler tudo isso, já devem ser 18:10, os anseios de seus clientes já são outros, o outdoor permanece o mesmo, e você?

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Casa Azul

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