Texto por Luiz Santos, CEO do Urbis. Luiz é graduando em Direito pela UFC. Apaixonado por cruzar fronteiras, ele coleciona viagens literárias na estante e carimbos no passaporte, e é um inveterado questionador do status quo.

 

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Já não é novidade que a maioria das startups começa a operar com uma quantidade bastante limitada de recursos. Ainda dentro da garagem de casa, os empreendedores contam somente com seu próprio tempo e sua própria habilidade para validar uma hipótese de negócio. Familiares e amigos conhecem bem essa fase, já que são constantemente procurados para dar uma ajudinha, prestar um serviço (sob o nome de favor, claro).

Mas as poucas startups que recebem um aceno positivo do mercado na fase de validação e começam a ter usuários pagantes enfrentam um desafio pouco comentado: aumentar a equipe. Muito se fala sobre o quanto os empreendedores devem ralar pelas suas startups, e isso é inquestionável, mas quais são os sinais de que eu, enquanto dono de um negócio, devo começar a me preocupar em contratar mais pessoas? E quais são os riscos de não realizar esse processo no momento certo?

Se sua startup tem um número crescente de clientes, você, empreendedor, certamente deve notar que 24 horas não são suficientes para todas as melhorias que devem ser feitas no seu produto e na maneira de entregá-lo. Não é fácil – para não dizer impossível – dar conta das melhorias tecnológicas, do relacionamento com clientes e fornecedores, da experiência do usuário, da parte administrativa, da parte burocrática, da captação de novos negócios… pausa pra respirar… e ainda ser capaz de pensar na estratégia da empresa a curto, médio e longo prazo. É uma conta simples de se fazer: quanto mais tentamos dar conta de várias áreas do negócio ao mesmo tempo, mais caem a qualidade das entregas. Esse é o primeiro, e mais claro, sinal de que você precisa contratar mais pessoas para a sua startup.

Um segundo sinal de que está na hora de você abrir mão do trabalho solo é que suas habilidades não são mais compatíveis com a qualidade que cada entrega precisa ter. Se você tem habilidades voltadas para a área tecnológica do negócio, por exemplo, é fácil notar quando a gestão de vendas da empresa precisa ser profissionalizada para crescer numa velocidade condizente com o ritmo de uma startup.

“Tudo bem, Luiz, eu entendi que preciso de mais pessoas pra dar conta da minha startup, mas o fluxo de caixa ainda não me permite contratar uma equipe ideal”. Essa certamente é uma das maiores preocupações dos empreendedores, e aí entram dois pontos que merecem atenção. Primeiramente, é preciso avaliar qual a posição mais urgente em que a empresa precisa investir e elaborar um plano de quais serão as contratações seguintes, em ordem de prioridade. Lembre-se sempre: Let fires burn, ou seja, deixe alguns incêndios queimarem até que você possa apagá-los. Segundo, o empreendedor precisa estar ciente de que há várias modalidades de contratação de colaboradores. Vamos entender as mais recorrentes: CLT, estágio, freelancer e contrato de vesting.

Na contratação com carteira assinada, regida sob a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a empresa deve arcar com a remuneração dos colabores e com as custas de contribuição previdenciária e outras. Quando se contrata um estagiário, trata-se de trazer para a equipe um perfil júnior de funcionário – pagando o valor de uma bolsa-estágio – que precisará de um orientador que o acompanhe nas atividades da empresa, segundo as determinações da Lei de Estágio. Já na modalidade freelancer, o prestador de serviço não tem vínculo empregatício (subordinação, habitualidade, onerosidade) com a startup, o qual gera certa liberdade para as partes, mas com o ônus de não ter esse profissional efetivamente compondo a rotina da empresa e crescendo junto dela.

Além das modalidades abordadas acima, é possível ainda celebrar com colaboradores um contrato de vesting. Esse contrato prevê, em linhas gerais, que, dada uma alta performance do funcionário e um período de tempo determinado, haverá a possibilidade de ganho de participação no quadro societário da empresa. Ou seja, você poderá aliar uma remuneração com a possibilidade de o colaborador virar sócio da empresa. Esse contrato, porém, gera efeitos muito sensíveis para a empresa e deve ser elaborado com uma assessoria jurídica especializada.

Para além dos aspectos legais, o empreendedor precisa se preparar para um momento importante da empresa: a fase de delegar tarefas. Para que os novos colaboradores se sintam também donos da startup, e se dediquem a ela dessa maneira, é necessário confiar grandes desafios e muita autonomia para realizá-los. Quanto mais donos dos problemas, melhores soluções serão geradas!

Mas nem tudo são flores. É necessário se conscientizar de que, como qualquer processo, haverá falhas, contratações equivocadas e quebra de expectativas. Aprender a demitir talentos que não geram resultados também fará parte do amadurecimento da startup.

Essa oxigenação da empresa com diversidade, com novas mentes, com vivências e conhecimentos diferentes fará aflorar naturalmente a cultura que cada companhia tem intrínseca a si. O mais importante do processo de agregar pessoas ao time é não deixar que se perca o alinhamento e o propósito pelo qual tudo começou. E, claro, tem que ser divertido e construtivo trabalhar junto! Como um sábio citou: se quiser ir mais rápido, vá sozinho; se quiser ir mais longe, vá em grupo.

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