os replicantes

Carlos Gerbase, ex-baterista da banda punk gaúcha Os Replicantes relembrou um encontro nada agradável que ele e seus colegas tiveram com a banda Ultraje a Rigor, num show em Porto Alegre, em 1986. Era o auge da banda de Roger Moreira que foi fazer um show onde Os Replicantes tocaram de graça, apenas pela oportunidade de se apresentar num local bacana (Auditório Araújo Vianna).

Gerbase fez questão de contar a história envolvendo as duas bandas após as reclamações que o líder do Ultraje  Rigor fez em seu Twitter, afirmando que a equipe dos Rolling Stones tratou o Ultraje como lixo. Segundo Gerbase, em matéria de praticar o menosprezo, Roger e companhia também possuem experiência.

Veja trecho do relato de Gerbase:

“De tarde, fomos passar o som. Tudo normal. Sentei na bateria colocada num praticável e comecei a arrumar meus pratos e a caixa, quando alguém me disse que eu não poderia usar aquela bateria, pois o Ultraje não queria emprestar. Tinham ficado sabendo que eu tinha a mania de detonar e derrubar o instrumento no final do show. Mito. A minha pobre bateria é que caía sozinha às vezes. Expliquei para a produção e para os caras do Ultraje que eu tomaria o máximo cuidado, mas não houve acordo.

Faltava menos de uma hora para o show. Não dava tempo para alugar outra bateria. A solução foi pegar meu carro e trazer minha Pinguim velha de guerra, que foi montada na frente do praticável da bateria do Ultraje. Nem o praticável eu pude usar! Lembro do contraste entre a Pinguinzinha, no chão, e aquela bateria enorme e importada sobre o seu praticável. Que merda! Eu me sentia como lixo… Que bom!”

O ex-baterista replicante relembra que mesmo com o dissabor, o show foi um dos melhores da história da banda que culminou com o Ultraje a Rigor tomando uma vaia após entrar no palco com todos os integrantes trajando roupas tradicionais do Rio Grande do Sul. Para Gerbase, Roger Moreira e banda não passavam de uns populistas. “Comecei a ver o show, aguentei uns vinte minutos e, percebendo o populismo da banda (o tempo todo querendo “agradar” ao público) fui embora”.

Ele lamenta o fato de Os Replicantes não terem a mesma oportunidade que o Ultraje em abrir um show dos Rolling Stones, mas se mostra aliviado por nunca ter sentado na bateria do Ultraje a Rigor. “Pena que nunca toquei na Gretsch do Charlie Watts (baterista do Rolling Stones). Mas ainda bem que nunca sentei na bateria do Ultraje a Rigor. Ela não merecia a minha bunda”, arremata.

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Aflaudisio Dantas

Repórter com passagem pelo jornal O Povo. Como membro da equipe de esportes do jornal, atuou na cobertura da Copa do Mundo, em 2014. Também fez coberturas sobre os principais clubes do futebol cearense e escreveu sobre outros esportes. É fascinado por rock e por contar e ouvir boas histórias

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