Cigano em ação contra Miocic | Foto: UFC/Divulgação

Cigano em ação contra Miocic | Foto: UFC/Divulgação

Olá, amigos do Clube da Luta. Pensando nos fãs que curtem o debate sobre os eventos e a análise das lutas, criamos a seção “Finalizando o camp”. Sempre estarei publicando aqui uma leitura sobre os cards das principais organizações, como UFC, Bellator e WSOF. O objetivo, neste espaço, é abrir também um campo para os leitores deixarem suas opiniões.

Para começar, aí vai minha humilde leitura sobre o UFC on Fox 13, que teve como luta principal Júnior “Cigano” Dos Santos contra Stipe Miocic. Além dos tops do peso pesado, vale destacar os confrontos entre o brasileiro Rafael Dos Anjos e o bad boy americano Nate Diaz, a brasileira Claudinha Gadelha e a polonesa Joanna Jedrzejczyk e a batalha entre os holandeses Alistair Overeem e Stefan Struve.

Cigano x Miocic

Cigano comemora resultado | Foto; UFC’Divulgação

Lutão apertado. Quem diria que Cigano teria tanto trabalho para vencer o excelente Miocic, e ainda por decisão dos juízes. Durante cinco rounds de trocação, o catarinense levou a pior nos dois primeiros assaltos, enquanto nas etapas restantes se recuperou e venceu. Depois de um ano parado e mudança de camp (ele passou a treinar na Nova União com Dedé Pederneiras), a expectativa era enorme pelo desempenho do brasileiro. A vitória veio, mas sem o domínio esperado.

Apesar da derrota, Miocic ganhou muita moral dentro do UFC. No 1º e 2º round, Cigano levou um atraso no boxe, modalidade na qual é especialista. Nos assaltos seguintes, o croata cansou e Cigano cresceu no duelo, combinando boas sequencias e castigando o adversário. No 3º assalto, o catarinense acertou um cruzado no queixo de Stipe, que sofreu um knockdown.

+ Retorno do novo Cigano: seguro na trocação e confiante no jiu-jitsu

O duelo foi bastante equilibrado, dando margens para contestações. Mas, na minha opinião, o resultado foi justo. Até esse combate, Cigano era tido como um atleta que apenas poderia ser batido pelo campeão Cain Velasquez. Após o encontro com Miocic, isso mudará. O brasileiro fez uma luta de cinco rounds na área em que mais se sente seguro e não conseguiu dominar o croata.

Acredito que o tempo parado (mais de um ano por lesão) pode ter influenciado o desempenho do catarinense. Cigano estava mais lento e fugia das grades, quando Miocic buscava encurralá-lo, de forma displicente. Ele corria e virava as costas para o adversário. Muita gente, que não tem o queixo duro do ex-campeão, já acabou nocauteado assim.

Quando Cigano começou a treinar com Dedé, todos esperavam um atleta diferente dentro do cage. Mas, o que observei nessa luta, é que o ex-campeão continua unilateral. Ele confia demais no boxe – até aí tudo bem – mas isso o está bloqueando de evoluir em outras artes. Várias vezes, Cigano disse em entrevista, inclusive para mim, que ele luta MMA e, por isso, tenta estar preparado em tudo. Porém, na prática, o peso pesado não mostra sua tese.

Cigano não deu um chute em Miocic. Pensei que, com os treinamentos com Dedé, Cigano soltaria uns chutões baixos. Apesar de lutão contra o croata, Cigano ainda está bem atrás da qualidade técnica de Velasquez.

Deixando de lado a minha decepção, preciso destacar algumas qualidades novamente apresentadas por Júnior. O coração do ex-campeão é de super atleta. Nem quando levou um atraso violento, por duas vezes, de Velasquez, Cigano deixou a luta por cansaço. Com Miocic, não foi diferente. Após cinco rounds de trocação, o cardio fez diferença no embate. Além disso, Dos Santos continua imbatível na defesa de quedas. O crota buscou quedar o brasileiro nove vezes e conseguiu apenas três, mas Cigano levantou rapidamente.

Depois da apresentação contra Miocic, Cigano ainda precisa maltratar alguns adversários para ter a chance de lutar pelo cinturão. Uma boa sugestão é Alistair Overeem. Esse duelo já foi marcado, mas por conta de uma lesão do holandês, o encontro acabou cancelado.

– O Miocic é uma um atleta realmente bom. Eu fiz o que podia fazer hoje. Estou um pouco fora de ritmo de luta, mas graças a Deus venci. Por causa do tempo que fiquei fora. Mas, para as próximas lutas, vou estar ainda melhor. Minha cara não está tão feliz assim, tá machucada de novo, mas eu estou muito feliz, meu coração está explodindo de felicidade depois de um ano… Nossa, um ano muito duro, eu consegui ganhar – resumiu Cigano.

Dos Anjos x Diaz

Dos Anjos vence Nate Diaz por pontos | Foto; UFC’Divulgação

Como um faixa-preta de jiu-jitsu pode se transformar num pegador perigoso na trocação? A resposta é Rafael Cordeiro, líder da Kings MMA. Desde que Dos anjos passou a ser comandado por Cordeiro, o rendimento dele subiu de forma impressionante. O duelo contra o polêmico Nate Diaz foi um verdadeiro passeio de um atleta super motivado contra um “ex-lutador” em atividade.

Com Nick cada vez mais sem interesse na luta (não apareceu para entrevistas em um dia da programação do evento, nem bateu o peso da categoria), Rafael maltratou o bad boy na trocação e no ground’nd’pound. O faixa-preta castigou o rosto e as pernas do adversários. Além de José Aldo e Edson Barboza, Dos Anjos possui um dos chutes baixo mais potentes do Ultimate.

A vitória dominante rendeu ao brasileiro a oportunidade de disputar o cinturão do campeão Anthony Pettis. Agora é voltar para o centro de treinamento e armar uma estratégia perfeita para superar o “Showman”.

Overeem x Struve

Overeem nocauteou Struve | Foto; UFC’Divulgação

O marrento Alistair Overeem entrou pressionado para enfrentar o gigante holandês, após decepcionar e perder para Ben Rothwell, em setembro. Diante de Struve, “The Reem” conseguiu terminar o período de três anos sem nocaute.

O ex-bombado veio com uma estratégia simples: derrubar e marretar. E foi isso que ele fez. Com Struve no chão, Overeem trabalhou o ground’nd’pound com patadas violentas até nocautear o compatriota.

Gadelha x Jedrzejczyk

Claudinha e Joanna na trocação | Foto; UFC’Divulgação

Duelo polêmico e decepcionante para o Brasil. Claudinha estava a uma vitória para enfrentar Carla Esparza, campeão do peso palha, mas acabou derrotada por decisão dividida dos jurados.

Os juízes erraram feio dando a vitória para a polonesa. Apesar de um combate equilibrado, Claudinha venceu o 1º (mais apertado) e o 3º (dominando) round. Joanna conseguiu um knockdown faltando oito segundos para o fim da primeira etapa – os árbitros podem ter dado o 1º assalto para Jedrzejczyk por causa do lance. Mesmo com o golpe, Claudinha levou o assalto inicial.

No último round, a comandada por Dedé ainda terminou prejudicada por um golpe acidental que abriu um corte profundo no supercílio – durante a trocação, Joanna acertou um cabeçada em Claudinha. Com o resultado, Pederneiras criticou os árbitros através das redes sociais.

– Você perder porque o adversário foi melhor é ruim, mas você perder roubado, é uma sensação terrível. Esses árbitros não têm noção alguma de MMA! Se você erra em qualquer lugar do mundo, você é punido de alguma forma, por que árbitros que não tem noção de MMA erram e fica por isso mesmo? Mesmo sabendo da dificuldade, a Nova União decidiu entrar com processo de pedido de reavaliação da luta da Cláudia Gadelha – desabafou Dedé.

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Bruno Balacó

Jornalista esportivo do Grupo de Comunicação O POVO. Redator do site de esportes do jornal O POVO (Portal Esportes O POVO) e repórter do caderno de esportes do O POVO. Comentarista esportivo da Rádio O POVO/CBN, da TV O POVO e titular blog Gol e do blog Clube da Luta do O POVO Online

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