Cyborg e Ronda com os cinturões do Invicta e UFC | Foto: Divulgação/Editoria de Arte

Cyborg e Ronda com os cinturões do Invicta e UFC | Foto: Divulgação/Editoria de Arte

Juntas, elas possuem quase 14 anos de invencibilidade em 25 lutas no MMA profissional. A americana Ronda “Rowdy” Rousey, 28 anos, campeã peso-galo (até 61 kg), e a brasileira Cristiane “Cyborg” Justino, 29, dona do cinturão da divisão pena (até 65) do Invicta, são as protagonistas das artes marciais mistas no universo feminino. Com currículos vitoriosos, é justificável o coro pelo combate entre as duas. O único empecilho é o peso.

Medalhista olímpica no judô, Ronda iniciou sua trajetória no MMA, em 2011. A loira nunca sentiu o sabor da derrota nas artes marciais mistas. Mais experiente no esporte, Cyborg estreou em 2005 com derrota. Mas, deu a volta por cima e, nas 14 lutas seguintes, venceu 13 e empatou uma. A pressão para o duelo ocorrer dentro do cage ganha força fora dele, com a mídia e fãs.

Dominante na divisão dos penas, a “striker” brasileira sofre bastante no processo de perda de peso. Para bater os 65 kg exigidos da divisão, a curitibana precisa suar a camisa. É uma batalha tão exausta que o combate pode não acontecer por causa da diferença de categorias. Para atingir o limite dos galos, Cris precisaria baixar para 61 kg, uma tarefa quase impossível.

A ‘novela’ Cyborg, Ronda e UFC já dura há pelo menos dois anos. Se antes, o clima era tenso e ‘sem negociações’, por conta da inimizade entre o ex-empresário de Cris, Tito Ortiz (ex-campeão do Ultimate), e Dana White, com a brasileira sendo alvo de zoação por parte de Ronda e o próprio White, atualmente o momento é mais tranquilo. Justino deixou de ser empresariada pelo ex-atleta, e o único empecilho passou a ser peso.

A campeã do Invicta já entrou em contradição durante entrevistas, mas mostrou muita vontade de enfrentar Ronda. Porém, o corpo pode ir contra o desejo. Em julho de 2014, foi anunciado que Cyborg desceria para os galos e estrearia na nova divisão, no evento exclusivo para lutadoras. Cinco meses depois, o discurso mudou.

– Não dá. A partir de agora, só luto no meu peso ou em peso casado. Estou há muito tempo sem lutar, por isso, quero voltar logo à minha categoria. Foi uma questão minha. Quero lutar logo”, contou a curitibana.

Fevereiro chegou, e quis o destino colocar as duas protagonistas do MMA feminino lutando no fim de semana. Na última sexta, 27, Cyborg defendeu o cinturão com nocaute em 46 segundos do primeiro round, enquanto no sábado, 28, Ronda detonou Cat Zingano em 16 segundos de luta. Essa aproximação aumentou ainda mais o clima para um futuro duelo entre elas. Sem zoações, o UFC cravou: basta bater o peso-galo. E mais, a campeã Rousey quer Cristiane dentro do octógono contra ela.

– Deixe-me dizer, achei que ela diria, estava esperando, mas ela não diz em público o que eu vou falar agora. Ela vive me pedindo, toda hora, “Vou lutar com ela assim que ela bater 61kg.” (Cyborg) tem que bater o peso! Ela vai lutar com ela num minuto uma vez que ela bater 61kg. Ela não diz, mas eu digo. E não é culpa da Ronda, Ronda tem 61kg, é campeã mundial, está batendo todos esses recordes, encheu o Staples Center. Cyborg tem que bater o peso! Bata 61kg, e esta luta vai acontecer, disse Dana White após o UFC 184, onde Ronda finalizou rapidamente no primeiro round.

O peso
Antes que alguém diga: “agora, é só bater o peso”. O “só bater o peso” é um enorme sacrifício. Cris pesa normalmente cerca de 75 kg em “off”. Ela perde dez quilos para entrar no limite dos penas. Ao todo, a brasileira precisará eliminar 14 quilos para ficar frente a frente com Rowdy.

É uma missão árdua, mas possível. Apenas o próprio atleta sabe o seu limite. Cyborg já atinge os 65 kg com dificuldade. Motivação não falta para Justino. Vamos relembrar alguns nomes que perdem muito peso para lutar em sua categoria: Anderson Silva (de 100 kg para 84 kg), José Aldo (de 80 kg para 66 kg), Gleison Tibau (de 90 kg para 70 kg) e Jon Jones (105 kg para 93 kg).

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Bruno Balacó

Jornalista esportivo do Grupo de Comunicação O POVO. Redator do site de esportes do jornal O POVO (Portal Esportes O POVO) e repórter do caderno de esportes do O POVO. Comentarista esportivo da Rádio O POVO/CBN, da TV O POVO e titular blog Gol e do blog Clube da Luta do O POVO Online

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