FotorCreatedQuando João Gilberto gravou Rosa Morena em seu disco de estreia, o icônico Chega de Saudade (1959), ficou atestada a influência de Dorival Caymmi para o maior nome da história da Bossa Nova. Seu conterrâneo baiano, autor das lendárias “canções praieiras”, sempre foi ligado ao samba mais tradicional, mas também aproveitou como pode as influências jazzísticas e o refino que marcou a bossa.

Reforçando essas influências, o show A Bossa de Caymmi entra em cartaz hoje, na Caixa Cultural, mostrando a bossa, o balanço e a sofisticação das canções de Dorival. No palco, quem assume essa missão é a cantora paulistana Fabiana Cozza e o violonista parisiense, de balanço carioca, Marcel Powell. A dupla se apresenta até domingo, 21.

Filhos de diferentes linhagens da música brasileira, mas que buscam afinidade no espetáculo, Fabiana e Marcel pescaram pérolas variadas do cancioneiro do Algodão. São sambas-canções, de uma época considerada pré-bossanovista, além do repertório praieiro e os sambas que fizeram sucesso em vozes como Gal Costa, Elza Soares, Novos baianos e o próprio João.

Fabiana Cozza conheceu Marcel Powell há cerca de 10 anos, por intermédio do violonista Alessandro Penezzi. “Em 2008 o Marcel sugeriu o meu nome ao (saxofonista japonês) Sadao Watanabe para acompanhá-los numa turnê pelo Japão. Fizemos uns seis ou sete shows em Tóquio e cidades do interior, como Nagoya e Otawa. Assim estreamos nossa parceria”, lembra a cantora que lançou em 2013 o disco Canto Sagrado, homenageando Clara Nunes. Para Fabiana, Clara e Dorival têm muito em comum. “A brasilidade, sem dúvida alguma. Os símbolos da brasilidade como a culinária, as lendas e mistérios que compõe a mitologia afrobrasileira, o samba, a brejeirice dos personagens”, enumera.

Marcel, filho do gênio do violão Baden Powell (1937 – 2000), volta a Fortaleza depois de dividir o mesmo palco da Caixa com Ithamara Koorax, celebrando os 100 anos de Vinicius de Moraes. “Tenho ótimas lembranças dessa minha passagem por Fortaleza. Foram shows muito emocionantes pra nós. Nos sentimos honrados por prestarmos essa homenagem”, lembra o instrumentista, dono de uma carreira reconhecida dentro e fora do Brasil. Para o músico, projetos com cantores é uma forma de complementar seu trabalho instrumental. “São projetos diferentes, mas que ao mesmo tempo se fundem, pois em ambos o meu trabalho instrumental se faz presente. Meu pai fez essa fusão com cantores algumas vezes e outros instrumentistas que são referência para mim também fizeram, como Raphael Rabelo e Marco Pereira. É prazeroso e aprendo muito com essas experiências”, comenta.

Serviço:
Show A Bossa de Caymmi
Quando: de hoje, 18, e sábado, 20, às 20h; domingo, 21, às 19h
Onde: Caixa Cultural (Av. Pessoa Anta, 287 – Praia de Iracema)
Quanto: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)
Telefone: 3453 2770

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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