Para quem teve uma lesão, as cirurgias estão cada vez mais precisas. Mas, no caso do desgaste natural, operar pode não fazer diferença.

Os meniscos funcionam como amortecedores dos joelhos. Ficam entre os dois maiores ossos do nosso esqueleto, a tíbia e o fêmur, e auxiliam para que o contato deles aconteça sem atrito. Também protegem a cartilagem que recobre esses ossos e não têm capacidade de regeneração. Mas essas importantes estruturas são sensíveis: se submetidos a uma carga excessiva ou, pior, a torções e movimentos bruscos, os meniscos podem se romper. Nos mais jovens essa estrutura é rica em água, que vai diminuindo ao longo da vida. A idade também desgasta essa parte do joelho, deixando-a mais seca e quebradiça. Resultado: problemas nos meniscos são comuns entre esportistas – sobretudo aqueles submetidos a viradas súbitas, como jogadores de tênis e futebol – e entre pessoas mais velhas.

Assim como a origem do problema varia, também sua solução tem abordagens distintas. Para quem teve uma lesão, as cirurgias – chamadas artroscopias – estão cada vez mais precisas. Mas, no caso do desgaste natural do menisco provocado pela osteoartrose, operar ou não pode ter o mesmo resultado, já que a intervenção não altera o rumo da degeneração. Foi o que demonstrou um trabalho realizado com pacientes canadenses com osteoartrose do joelho e publicado no New England Journal of Medicine. A pesquisa mostrou que havia um excesso de indicação de artroscopias para esse tipo de paciente. Ficou claro que o melhor procedimento seria não mexer na região, tratando o joelho com fisioterapia e analgesia sempre que necessário, já que a dor permanece com ou sem a cirurgia.

Estudo mostrou que, no caso do desgaste natural do menisco, operar ou não pode ter o mesmo resultado, pois a intervenção não altera o rumo da degeneração.

Se para o desgaste natural há poucas saídas, o mesmo não pode ser dito para os problemas ocasionados por lesões. Décadas atrás, a remoção dos meniscos era o procedimento mais aplicado, opção que aposentou atletas promissores antes da hora. Tirar os meniscos significa expor a cartilagem e os ossos da região, levando a um doloroso processo degenerativo – a mesma osteoartrose que pode vir com a idade avançada. A evolução da artroscopia, intervenção minimamente invasiva, praticamente eliminou essa solução radical. Hoje, procura-se manter ao máximo as estruturas da região, fazendo uma ressecção parcial ou uma sutura, dependendo do caso.

Mesmo assim, ainda não se chegou a um resultado satisfatório para restaurar a área perdida do menisco. O transplante é uma solução viável em casos muito específicos e que depende da (rara) disponibilidade de material. A solução pode estar na engenharia de tecidos, pois se acredita que, em breve, novos materiais que reproduzem as funções mecânicas dos meniscos poderão ser implantados para recuperar áreas lesionadas. Várias pesquisas envolvendo culturas de células e matrizes sintéticas e biológicas, uma delas usa colágeno retirado de tendão bovino, por exemplo, estão acontecendo em diferentes centros de ponta em todo o mundo, inclusive no Brasil. A julgar pela velocidade dos avanços nessa área, uma novidade tecnológica não deve demorar.

Fonte: www.einstein.br

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Jorge Brandão

Fisioterapeuta, Osteopata, RPGista. Diretor da clinica Fisio Vida.

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