Inaê Silva, 19 anos, professora da Escola de Frevo, conta que ficou com a cabeça borbulhando de ideias depois de participar da oficina Trançados Musculares, na Torre Malakoff, durante o último Janeiro de Grandes Espetáculos. Mudar as sequências do plano de aula, preparar o corpo dos alunos de modo mais apropriado para a infinidade de passos do frevo, iniciar pelo aquecimento e terminar com o alongamento dos músculos são algumas atitudes que ela decidiu colocar em prática. ´É importante a questão da consciência corporal do professor, que é diferente do passista folião, que pula só no carnaval`, acredita Inaê.
A pesquisa Trançados Musculares, aprovada no Funcultura de 2009, terá novos desdobramentos. Na oficina, da qual participaram 40 professores e dançarinos de frevo, foram distribuídos questionários para identificar quais áreas do corpo sofrem mais exigências, a exemplo de joelhos e articulações dos quadris. O resultado do estudo será divulgado num CD-Rom que deve ser lançado até julho deste ano.
´A maioria dos movimentos do frevo pedem força e alongamento ao mesmo tempo, por isso fica difícil não comprometer a estrutura física, se você não é atleta`, assegura Valéria Vicente, passista e professora da Universidade Federal da Paraíba, que faz parte da equipe multidisciplinar do projeto, ao lado do fisioterapeuta e coreógrafo Kiran (Giordani Gorki) e das estudantes de fisioterapia Adely Couto e Renata Muniz (também dançarina). O professor Wilson Viana, mestre em biodinâmica do movimento humano, também orientou o estudo.
Valéria Vicente chama a atenção para a falta de investimento na formação dos passistas, que precisam de informações mais qualificadas para minimizar os riscos de lesões. ´É preciso se atualizar através de novas técnicas`, destaca Valéria. (Tatiana Meira)
Fonte: Diário de Pernambuco.