Parabéns a jornalista Janaína Brás pelo caderno Ciência e Saúde do jornal O POVO hoje 29 de maio, a matéria VIDEOGAME Para tratar o corpo. Fiquei extremamente feliz por ver uma ex aluna já em plena divulgação de nossa profissão a hoje Dra. Luciana Lucena e sem dúvida nenhuma é sempre muito bom assistir o sucesso de profissionais fisioterapeutas e nesse caso destaco o Dr. José Goes. Vejam matéria completa no caderno de saúde do jornal O POVO
Videogame para tratar o corpo
Os benefícios terapêuticos do prazer são alarmados por yogues e hedonistas há milênios. Pois os conselhos encontram eco em invenção do século XX tida por muita gente como sinônimo de sedentarismo: o videogame
Feito tragédia anunciada, deram-lhe por nome Betoven. Aos 20 anos, uma árvore atravessou o caminho do carro. O jovem advogado fraturou a medula, perdeu movimentos e, depois de um ano acamado, passou às muletas. Dezessete primaveras mais tarde, já habituado à fisioterapia e ao caminhado lento, a situação se agravou, e ele se tornou cadeirante. O gênio alemão atormentado pela surdez encontrou amparo na arte. Betoven também se entregou ao trabalho. Mas, há pouco mais de dois meses, encontrou novo aliado: o videogame interativo.
“São dores diárias, não queira saber. O incômodo que sinto agora, você talvez não pudesse com ele. Mas esta é minha condição, e eu já a aceito”, abnega-se Betoven Rodrigues, 48 anos. Tem de ser assim, não por isso trabalha menos. Tem de ser assim, mas doença e remédio caminham juntos nesta afirmação.
Quando joga tênis no Nintendo Wii, amparado pelos olhos redondos e jovens da Luciana, Betoven sua, bufa, destempera e se remexe todo na cadeira. Não sente dor. Nenhuma. Bravos hormônios do prazer. Dopamina, endorfina, serotonina segregados ao som mecânico das músicas-fundo do game. “Os resultados da dopamina segregada na base do cérebro são ainda mais promissores. Este hormônio, neste local específico, funciona como neuroestimulante e ajuda a condução nervosa do paciente a burlar as falhas provocadas pela lesão medular e a recuperar movimentos”, complementa a fisioterapeuta Luciana Lucena.
Por isso, Betoven hoje digita (devagar, devagar), apenas dois meses depois de incluir Wii à rotina terapêutica. Antes, a atividade diária era realizada com auxílio daquelas borrachas acopláveis ao lápis. São três sessões semanais, duas na piscina (para movimentar o comprometimento integral das pernas), uma com Wii (para rebolar-se todo na cadeira com a língua entre os dentes e suar, como há muito não acontecia).
O uso do jogo eletrônico interativo é acessório à fisioterapia clínica, mas não a substitui. E ainda passa por pesquisas para comprovação científica de sua eficácia, muito embora as expectativas dos profissionais envolvidos sejam bastante altas.
Pesquisa“A ciência precisa de números, por isso vamos aplicar o método num número maior de pacientes e monitorar resultados. Mas os relatos de quem foi tratado por terapias experimentais com Wii são muito estimulantes. Além de mais prazeroso, o videogame pode ser mais rápido em trazer avanços à condição do paciente”, pontua o fisioterapeuta e co-autor do projeto de pesquisa voltado para o Wii na Universidade de São Paulo, Pedro Cláudio Gonsales.
Acidente Vascular Encefálico, lesão medular, algumas recuperações pós-operatórias, fraturas e torções ósseas são dos quadros clínicos passíveis de serem beneficiados pela terapia complementar. Para quem é tido como vilão inconteste da juventude transviada, antissocial ou violenta, o jogo eletrônico avança a passos largos para mudar a fama de mau.
O quê
Entenda a notícia
Os dias de banditismo do videogame podem estar contados. Fisioterapeutas descobrem usos benéficos do artefato para os mais variados pacientes. Desde Acidentes Vasculares Encefálicos até tendões lesionados, a gama de possíveis beneficiados com o método é ampliado pelas novas pesquisas sobre o assunto.