Por: Dr. Wiron Correia Lima , PT;EDFCR

Temos acompanhado de perto toda a movimentação  sobre o Projeto de Lei denominado de Ato Médico e lá se vão 10 anos de disputas, debates, discussões .

Vemos de um lado os médicos buscando a aprovação do PL , como sendo algo quase tão vital quanto o próprio diploma e do outro os demais profissionais de saúde tentando defender suas autonomias, e claro que essa luta é legítima e deve ser estimulada.

Não posso falar muito sobre outras profissões, mas posso explanar sobre a Fisioterapia, ou melhor sobre o fisioterapeuta e sua relação histórica com o tal ato médico. 

Bradamos contra vários artigos do PL, mas não cuidamos do principal , que é nossa relação com a  própria Fisioterapia e o ato fisioterapêutico. Todas as vezes que a expressão FAZER FISIOTERAPIA é usada por um paciente, por colegas ou alunos , damos um passo em direção ao ato médico, pois optamos por um termo deletério à nossa ação frente ao paciente, ou alguém já viu um paciente dizendo que ia à consulta médica FAZER MEDICINA? Ou que ia ao dentista FAZER ODONTOLOGIA ?  Outro absurdo medicalizante da Fisioterapia é o uso de terminologia obsoleta : REABILITAÇÃO, SESSÃO, FISIOTERÁPICO, AVALIAÇÃO INICIAL, toda essa nomenclatura é ultrapassada e pertence ao famigerado jargão da medicina física e fisiátrica, que depõe inclusive contra a boa prática médica.

Um dos maiores equívocos em nosso meio é a adoção do termo APLICADA EM (À), tomamos como exemplo :FISIOTERAPIA APLICADA À TERAPIA INTENSIVA, OU À REUMATOLOGIA…nossa , essa é horrível.

O fisioterapeuta precisa entender e aceitar que o seu papel frente ao paciente não é mais de um mero executor de métodos e técnicas, mas que hoje gerencia atividades específicas dentro de projetos fisioterapêuticos personalizados.

Sempre que o atendimento do paciente for realizado no sistema de LINHA DE MONTAGEM( 10 pacientes  atendidos simultaneamente em em ginásio )  estaremos firmando o ato médico. Sempre que nosso procedimentos forem despidos de complexidade, estaremos abraçando o ato médico, sempre que o tecnicismo superar a clínica , estaremos encaixados no ato médico.

O fisioterapeuta precisa desenvolver sua capacidade de raciocínio clínico e compreender que o Diagnóstico Cinesiológico Funcional (DCF) é uma ferramenta estratégica e altamente diferenciada para a prática fisioterapêutica, afastando a necessidade da apreciação do caráter nosológico  e trazendo à luz da investigação o entendimento funcional. Isso o diferencia dos demais e coloca a atenção fisioterapêutica em condição de destaque. Entendemos que toda assistência fisioterapêutica deve ser clínica, mas para que possamos atingir esse ideal é preciso mudanças na atual gestão da maioria dos serviços de atendimento .

Se faz importante nos libertarmos de qualquer vínculo com o CURRÍCULO MÍNIMO e mantermos uma distância considerável dos novos rótulos que camuflam a essência de nossa formação de fisioterapeutas. Vemos colegas se auto-intitularem RPGistas, OSTEOPATAS, QUIROPRAXISTAS, INSTRUTORES disso e daquilo, EQUOTERAPEUTAS, TERAPEUTAS FUNCIONAIS, HIDROTERAPEUTAS, esses rótulos enfraquecem a profissão .

Posto isso, eu diria que temos que consertar os ATOS MÉDICOS que moram em nossas ações , para que toda a luta política contra o PL tenha sentido e valor.

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Jorge Brandão

Fisioterapeuta, Osteopata, RPGista. Diretor da clinica Fisio Vida.

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