As possibilidades para contar histórias são muitas. Na música, as letras, vídeos e performances ajudam. O cenário gótico que o diga. Aliados à estética “sombria” que o estilo inevitavelmente traz, artistas usam essa carga dramática a seu favor na narrativa.
Para passear pela própria linha do tempo, a banda cearense Plastique Noir, uma das mais respeitadas no subgênero musical, prepara o documentário “Imaginary Walls“. Previsto para estrear entre o final de 2015 e o início de 2016, o filme é uma realização da Filmerama Produções.
O longa-metragem é a forma que o grupo encontrou de comemorar os dez anos de carreira em grande estilo. Com três álbuns lançados, mudanças na formação e até convites para se apresentar no exterior, a banda de Airton S., vocalista, e dos irmãos Danyel Fernandes (guitarra) e Deivyson Teixeira (baixo) tem muita história para contar.
Dirigido por Daniel Aragão, “Imaginary Walls” vai ganhar uma premiere especial para o público alencarino no Cineteatro São Luiz Fortaleza. Depois disso, o filme vai entrar em circuito de festivais.
Airton S. conta que o material que permeia momentos cruciais da trajetória, seja em estúdio, palco e bastidores, estava sendo guardado durante anos. “Uma coisa curiosa é que eu batia muito de frente com o Danyel (Fernandes, guitarrista) quanto a isso, porque ele ‘se trancava’ com esse ouro todo e eu sempre assumia uma atitude do tipo ‘vamos liberar tudo na internet’”, afirma. “Graças ao Danyel, nós temos esse material. Ele estava certo o tempo todo e eu errado”, brinca.
O fundador do grupo também se responsabilizou pela pré-roteirização do projeto, “a fim de traçar as direções dos acontecimentos e suas consequências”, assinalando pessoas-chave para a história da Plastique. Entre os entrevistados, o produtor Rafael Lucena e o DJ Dado Pinheiro, que abraçou a banda quando eles ainda nem tinham feito a estréia nos palcos.
Trajetória
Márcio Benevides, ex-guitarrista e membro co-fundador, diz que revisitar a trajetória é “vital e justo”. Para ele, o registro é válido por evidenciar o “dilema” de uma banda que sentiu na pele que a busca pelo profissionalismo “é muito mais ralação e organização que falso glamour”.
“É também um desejo franco de enterrar as mágoas do passado. É um ‘eterno retorno’ muito bacana de se vivenciar”, afirma. O retorno citado por Márcio ocorre na mesma época da estreia do Black Knight Freqüency, novo projeto do músico.
Cena gótica
De acordo com Daniel Aragão, responsável pela direção do longa-metragem, o doc está passando por uma nova montagem e deve ser finalizado nas próximas semanas. Ele afirma que além de passear pela trajetória do grupo, o filme abrange a importância da cena gótica no Brasil.
Aragão reconhece o potencial de comercialização para fora do país e diz que essa relação com a cultura no exterior está sendo pensada. “O filme aborda a musicalidade, e traz muito da estética do suspense e do cinema expressionista, tão valorizado pela sub-cultura gótica”, comenta. “Embora pequeno no Brasil, o movimento tem público fiel no exterior, principalmente na Europa. Acredito que esse é o ponto forte do projeto”.