(Foto: Carolina Fagundes)

Em Fortaleza para o XI Festival Ponto.CE, a banda Drenna (RJ) tem o que dizer. Eles fazem a turnê do álbum “Desconectar”, lançado no ano passado e gravado no Estúdio Toca do Bandido, no Rio de Janeiro. A produção do registro é de Felipe Rodarte, com direção artística da instrumentista, produtora musical e diretora artística Constança Scofield. A parceria com Rodarte, aliás, foi uma forma que a banda encontrou de trabalhar na criação de cenários que se relacionam entre as letras.

Pautado nos “prós e contras do mundo conectado” e suas consequências na sociedade, o álbum fala, em especial, para os jovens. O álbum faz uma crítica a como os relacionamentos, o consumo e o conhecimento estão submetidos ao mundo virtual. A reflexão é aberta já com a faixa-título: “Quanto custa desconectar?”. Lançado em janeiro deste ano, o clipe de “Desconectar” conta com mais de 24 mil visualizações. Um mês depois eles lançaram a versão webclipe, que mostra o processo de produção em estúdio.

Além da emblemática “Alívio” e “Anônimo”, o disco da banda carioca também faz suas horas de feminista. A faixa “Ela vai chamar sua atenção” aborda esse novo momento, detonando a potência da voz feminina subjugada. “Trata-se de um álbum trabalhado com muita verdade em todos os aspectos, no qual a banda se permitiu sair da sua zona de conforto e ir muito além”, diz a vocalista e guitarrista Drenna Rodrigues. “A arte da capa mostra a tensão do homem que foi exposto à transformação do seu mundo cada vez mais dependente da tecnologia, com impacto na própria evolução da espécie humana de homo sapiens para homo sapiens cibernético”.

Formada também por Júnior Macedo (guitarra), Bruno Moraes (baixo) e Milton Carlos (bateria), a banda está na estrada desde 2009, passando por palcos tradicionais do Rio de Janeiro, como a Praça da Apoteose e o Teatro Rival. Eles também estiveram no festival Planeta Rock 2016, em São Paulo.

Faixa a faixa: Desconectar (2016) – Drenna
Por Júnior Macedo e Drenna Rodrigues

Álbum “Desconectar” está disponível nas plataformas digitais (Foto: Divulgação)

Desconectar, música que deu nome ao álbum, fala da imersão na qual vivemos atualmente. O fato das pessoas estarem sempre conectadas e acabarem abdicando sem perceber do momento presente”.

Alívio fala sobre as dúvidas que todo ser tem no decorrer do percurso de seus sonhos, e lança luz sobre a importância de continuar trilhando sua história mesmo passando por dificuldades”.

Anônimo representa quem somos no dia a dia. Inseridos no sistema na qual vivemos. Diferente das “sabotagens” que acabamos passando, Anônimo retrata a prisão que é ser mais um na multidão escravizada”.

Andar sozinho fala sobre a busca pelo amor próprio. Nem sempre estar só significa que você não pode ser completo. O que nos torna completos é estarmos em paz e em construção com nós mesmos”.

Ela vai chamar sua atenção. Essa música traz como tema o novo feminismo multifacetado e potencializa a voz das mulheres subjugadas e enfatiza que acima de tudo ‘ela vai chamar sua atenção e é o que ela quer'”.

Navego fala sobre o amor da sua forma mais pura e das dificuldades de dar e recebê-lo sem esperar algo em troca, e pergunta: ‘Será que é tão caro, ter amor, felicidade e paz? Será que é tão raro fazer feliz a quem me faz?'”.

Entorpecer – sair de si. Se entorpecer de novos sabores, novas sensações. É o grito que extravagamos em silêncio, mas também é o deixar se jogar na vida e se permitir”.

Sabotagem. Essa música retrata o sentimento de quem está preso no sistema criado por si. É um alerta para as pessoas que se auto sabotam diariamente, deixando a vida passar sem realmente fazer algo realmente produtivo do ponto de vista da evolução pessoal”.

Hoje somos um só. Podemos ser completos, mesmo estando sozinhos, porém se unir a um grupo que soma verdades, representa uma etapa de crescimento. Hoje somos um só é o uníssono de um grito”.

Odisseia trata da jornada que todos temos que buscar. Seja profissional, seja de cunho pessoal. A musica é uma panorama e passeia por várias facetas da sociedade, como por exemplo, a religiosa”.

Retorno fala sobre o conceito filosófico do Eterno Retorno do filósofo Friedrich Nietzsche, que propunha uma repetição do mundo no qual se extinguia para voltar”.

Confira entrevista ao vivo com a banda Drenna:

About the Author

Rubens Rodrigues

Jornalista. Na equipe do O POVO desde 2015. Em 2018, criou o podcast Fora da Ordem e integrou as equipes que venceram o Prêmio Gandhi de Comunicação e o Prêmio CDL de Comunicação. Em 2019, assinou a organização da antologia "Relicário". Estudou Comunicação em Música na OnStage Lab (SP) e é pós-graduando em Jornalismo Digital pela Estácio de Sá.

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