(Foto: Chris Machado)

A primeira vez de uma banda internacional em uma cidade brasileira é sempre movida a muita expectativa. Com o Epica em Fortaleza não poderia ser diferente. São 16 anos de estrada, sete álbuns lançados e uma trajetória que tornou o grupo um dos mais relevantes do metal sinfônico.

O Epica é dessas bandas que a experiência fala por si. A maturidade reflete no álbum The Holographic Principle, lançado em 2016. E reflete, principalmente, no palco. Do início ao fim do show, o Epica se mostra uma banda afinada com sua proposta, com membros entrosados entre si e com o público.

(Foto: Chris Machado)

A banda holandesa subiu ao palco do Espaço Jangada às 20h46, 16 minutos depois da hora marcada, ao som da empolgante “Edge of the Blade”. Depois veio o clássico “Sensorium”, do álbum The Phantom Agony (2003), e “Fight Your Demons”, a única do EP The Solace System (2017) que entrou no setlist.

Nessa última, um momento curioso. Simone Simons pediu para o público ligar a lanterna do celular para iluminar o palco devido a um problema na iluminação. Sem luz, a vocalista e o tecladista Coen Janssen improvisaram “Solitary Ground”, que estava fora do set há oito anos. “Vocês ganharam uma música extra por causa do problema de eletricidade. Não contem para as outras cidades”, brincou a ruiva.

As idas e vindas ao palco dão ao Epica certo ar teatral que combina com a sinfonia e o drama carregado nas músicas. O drama contudo, não é visto no rosto dos integrantes. Sempre muito animados e interagindo com os fãs a todo momento. Das 15 faixas, cinco são do último álbum, além da faixa do EP.

O equilíbrio com as músicas que marcaram os primeiros álbuns, como “Chasing the Dragon” e o hino “Cry for the Moon”, e outras recentes como “Dancing in a Hurricane” e a energética “Beyond the Matrix”, um dos melhores momentos ao vivo, formam um repertório significativo para uma cidade que nunca havia recebido a banda.

(Foto: Chris Machado)

O encerramento não poderia ser mais tradicional ao som de “Consign to Oblivion”, música do álbum de mesmo nome lançado em 2005, e a habitual mosh pit (a boa e velha roda-punk) realizada pelos fãs. É desses momentos que provam que um show é, ou deveria ser, uma troca de energia entre banda e público. E energia não faltou, apesar do problema técnico.

Com show afinado e redondinho, o Epica mostra experiência e fôlego para manter a disposição em uma turnê de mais de 60 datas. Simone Simons segue cantando com um tom cada vez mais apurado e controlado, coisa que só anos no palco pode proporcionar.

A sinergia do sexteto, que ainda inclui o líder Mark Jansen, Ariën van Weesenbeek, Isaac Delahaye (o mais carismático) e Rob van der Loo, colabora para uma performance cheia de desenvoltura de quem sabe o que faz e, principalmente, se diverte fazendo.

(Foto: Chris Machado)

(Foto: Chris Machado)

(Foto: Chris Machado)

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About the Author

Rubens Rodrigues

Jornalista. Na equipe do O POVO desde 2015. Em 2018, criou o podcast Fora da Ordem e integrou as equipes que venceram o Prêmio Gandhi de Comunicação e o Prêmio CDL de Comunicação. Em 2019, assinou a organização da antologia "Relicário". Estudou Comunicação em Música na OnStage Lab (SP) e é pós-graduando em Jornalismo Digital pela Estácio de Sá.

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